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Tem juízo, Joana!

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

01
Jun25

Enterra


Enterra o que mais enterrado está.

Não te acanhes!

Vai de frente para que o vento te bata nas trombas,

Que te gele o cérebro e deixes de pensar merda por um minuto.

 

Mete bem o pé, esfrega,

Enterra o que mais enterrado está!

Até a minha persistência desiste

E a minha tolerância evapora.

Passa por mim como quem esquece,

Não como quem não vê, mas como quem escolheu não ver nunca mais.

No silêncio das palavras leva uma faca cega: que não corta, mas que fere lento.

 

Não se aguenta tamanha prepotência,

Tão magistral, tão cheio de si,

… E tão só.

Numa solidão cheia de culpa alheia,

sem responsabilização.

Mas enterra,

enterra o que mais enterrado está,

Pois a solidão é um vício e talvez prefiras assim.

 

Factos e factos sem conteúdo ou precisão,

Perspectivas únicas e unidirecionais.

Só tu sabes onde está enterrado, o que eu não sei e tu não queres esquecer.

Uma boca vazia de tudo e um coração cheio de nadas.

Enterra o que mais enterrado está,

Ficarás nessa bolha só tua

E não sobrará ninguém para te amar.

 

Não te rales com as questões do amor,

Interessa-te mais a honra, a razão e o poder.

Enterra o que mais enterrado está,

Enterra, enterra.

Mas aviso-te já que depois de enterrado,

O amor não ressuscitará.

18
Nov23

Não decides tempestades


Tu não decides as tempestades. Tu és as tempestades!

Aquelas que rompem no céu encoberto de nuvens tenebrosas, zangadas, indomáveis.

As que te fazem tremer, que te eriçam o cabelo, que te cravam os maxilares um no outro, que te vincam as rugas até aos ossos.

És as cólicas que te revoltam o intestino, és os violentos gritos presos às cordas vocais, e, também, a cólera que mora no desespero do circunstancial.

Não controlas o mundo!

Não tens rédeas, não tens mapas, não há trilho que te faça caminhar direito.

Perdeste-te no arejar de um vento que inventaste. A bússola rodopiou vezes e vezes sem conta até não teres mais pontos fixos. Os cardeais perderam o norte, o sul, o este e oeste. E o que parecia garantido, de nada serve aos olhos irados do imprevisto.

Não decides as tempestades, elas decidem por ti!

Encharcam-te os sapatos de esperanças e orações mal ouvidas. Águas de tempestades vividas. Águas das dores que mais ninguém sentiu.

Não decides tempestades!

Cansada, olhas o céu de nuvens farto:

“As tempestades alguma vez param?”

— Não — responderam-te. — Mas os arco-íris também não. — reconheci-lhe a voz, vinda de longe, de onde as almas não têm nome.

A tempestade tem o peso das tuas cores.

08
Mar23

Era um quadro escondido e três mãos


Era um quadro escondido e três mãos
Era o pai, mãe e um dos irmãos,
Eram sombras e cores,
Sentidos esquecidos nas lareiras e nos corpos… sabores!

Era pinho e madeira, e os aromas da fogueira,
A quantos dias do natal estamos para quem nunca o vivenciou!
Alaranjavam-se as paredes, e o tempo… passou!
À distância os outros irmãos alocados noutra beira.

Perderam a sua identidade num quadro escondido,
Nele estavam vidas ausentes,
Atiradas ao vento, família, amigo e inimigo.
Pelo sangue eram parentes e no coração um ribombar latente.

O frio que se sentia era corpóreo, vidas desfasadas,
Longe do habitáculo de contos de fadas
Uma família que só existia em quadros escondidos,
Pequenos gestos e grandes nadas.

 

👉🏻 Um poema escrito a duas mãos - comCarlos Palmito. 

09
Dez22

A roda da vida


A roda da vida que rola, rolando uma conjeturada esfera sem vértices. Curva, como o tempo que não para. Redonda, como o abundante que a vida é.

A roda que vive na vida, como tudo o que rola ou que se enrola, pelos cenários impostos ou os campos onde é suposto rolar, uma simbiose equidistante entre vários pontos por ela formados.

Um círculo separado em partes, pelas partes que constroem o círculo, escalando a atenção e prioridades, assinalam-se os pontos e sublinham-se as dúvidas.

Foi traçado o panorama integral.

Neste momento da vida, a roda deixou de ser roda, mas rola na perpetuidade de si própria. Um rabisco de vértices com embaraço para rolar. Em partes perdeu o diâmetro, noutras ganhou distância, contudo a consistência permanece, como a gravidade que nos aprisiona ao solo.

Matuto nesta roda tosca que deixou de rolar assim que lhe escangalhei os pontos. É difícil ser-se equilibrado, sem desigualar as distâncias.

Aqui, ao invés de se atraírem, os opostos resolvem-se. Numa relação de interajuda, frente a frente, são o meio para atingir um fim. A boia de salvação um do outro.

Trabalhoso girar rodas em campos que quero estacionar… Então, desenrolo-me com este hieróglifo, porque sei o que devo privilegiar, sendo esfera ou disforme, estes são os meus atuais contornos. E mesmo se parecer absurdo fazer rolar esta vida desmedida, tenciono continuar a empurrar, pois rolando ou deslizando, com certeza deixarei sempre rasto.

———

👉🏻 publicação no #blog da @valletibooks REFLEXÕES Nº 49 04/12/2022.

12
Nov22

TU


Tens um sol dourado no colo do teu abraço,

que me afaga os cabelos na noite escura,

Sentes a terra húmida no pé descalço,

Lágrimas que chorei devagar, contudo em fartura.

 

O passado habita nos teus olhos esverdeados,

Faz melancolizar-lhes a expressão,

acontecimentos que surgiram encadeados,

Que te distanciaram da missão.

 

Neles reside também a franqueza,

Que me fez acreditar de punhos cerrados,

Que a humildade é uma riqueza,

E só existe nos bolsos dos mais honrados.

 

O teu amor banha-se do que é primitivo

Vive do instinto e fases da lua,

Do premeditado é fugitivo

Nada melhor que o deixar que flua

 

Enrolamo-nos na areia quente

Deste amor que renasceu

O universo ligou-nos, por consequente

Eu sou tão tua, como tu és meu.

 

Uma homenagem a que é Amor para mim.

 

👉🏻 também publicado no blog da @valletibooks REFLEXÕES Nº45 6/11/2022

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