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Tem juízo, Joana!

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

21
Jun23

Mergulha verão!


Começam as músicas,

As palmas acima da cabeça,

As peles vibram tons dourados

Nas festas ao pôr-do-sol de chãos de areia.

 

Ouvem-se as gaivotas

Que se confundem com os risos

Gargalhadas da inocência que brinca,

Gargalhadas da serotonina

Que o sol nos brindou.

 

Enfeitiçados pelos sons do mar,

Estendidos, meditamos

Com pensamentos que se fazem ouvir por entre os recantos da alegria, da paz e da tranquilidade

 

Os corações auscultam-se salgados

Os gelados são lambidos ruidosamente

Os tilintares dos copos

Os caracóis sugados

Um calor que se chega a ouvir

Através do borbulhar das ondas do mar

Onde os dias são longos

E nos campos,

se escutam o roçar das espigas secas

08
Mar23

Era um quadro escondido e três mãos


Era um quadro escondido e três mãos
Era o pai, mãe e um dos irmãos,
Eram sombras e cores,
Sentidos esquecidos nas lareiras e nos corpos… sabores!

Era pinho e madeira, e os aromas da fogueira,
A quantos dias do natal estamos para quem nunca o vivenciou!
Alaranjavam-se as paredes, e o tempo… passou!
À distância os outros irmãos alocados noutra beira.

Perderam a sua identidade num quadro escondido,
Nele estavam vidas ausentes,
Atiradas ao vento, família, amigo e inimigo.
Pelo sangue eram parentes e no coração um ribombar latente.

O frio que se sentia era corpóreo, vidas desfasadas,
Longe do habitáculo de contos de fadas
Uma família que só existia em quadros escondidos,
Pequenos gestos e grandes nadas.

 

👉🏻 Um poema escrito a duas mãos - comCarlos Palmito. 

15
Out22

Quando a lua dança


Noite que se pôs cedo, sob uma lua amarelada e cheia. Como ela odeia o horário de inverno, estes dias curtos e escuros, que a deixam mal-humorada. Segue pelas ruas de auscultadores postos a ouvir as músicas que fazem sentir-lhe as raízes. Por ali, a inveterar pelos ouvidos tudo o que ela é, vai andando ao passo que dança. O corpo contrai-se involuntariamente, está-lhe no sangue, não há como contrariar.

Estas cantigas recordam-lhe a infância, as festas de família, amigos e espectáculos de dança com variados grupos de que fazia parte, julga terem sido o cenário de semeadura daqueles ritmos na sua anatomia, entranhados por todos os orifícios.

Naquele passo díspar, num compasso dissonante dos demais que por ela passam, o olhar vai-lhe vazio, porque se olha a dentro e… Sorri, sorri de prazer com o que a faz sentir.

Nunca ouve uma música do início ao fim, quase como superstição, pois do trabalho até casa, ela tem de conseguir ouvir as melodias que lhe fazem vibrar o corpo.

Lá em cima a lua assiste, grande e magistral, a esta manifestação eloquente do que a junção de tambores lhe impõe à sua espécie, numa cadência e vigor como se não houvesse outro dia.

----

 

👉🏻 também o podem encontrar no #blog da @valletibooks REFLEXÕES nº 38 - 18/09/2022

28
Set22

Já é outono!


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Tal qual um ciclo,

As folhas desprendem-se

Morrem e caiem

Acompanham-nas as primeiras gotas de chuva

Com um rasto a terra molhada e folhagem

 

Na concha das mãos levam-se frutos secos, figos, nozes e afins

As castanhas impregnam o ar

Assadas com erva doce

E água pé a acompanhar

 

Vestem-se os primeiros casacos

Ainda com o mofo da gaveta,

De uma época inteira guardados

À espera que o São Martinho apareça.

 

Os rituais das bebidas quentes,

Chá de erva-príncipe

Camomila ou lucia-lima,

Chocolate quente e cafés adoçados

São os aromas que ficam no ar

Carregado de cores terra e vermelho-alanrajados

 

E a avó cozeu os marmelos

Na avantajada e antiga panela

Aromatizou o ambiente

Com o sagrado pau de canela.


👉🏻 também o podem encontrar no #blog da @valletibooks REFLEXÕES nº 39 - 25/09/2022

📸 by: Bruno Ismael Alves

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