Solidão
Num mundo recheado de gente, somos de um recheio nutrido de nós por nós mesmos. Seremos sempre sozinhos. Presos à nossa pele, às nossas emoções, pensamentos e sentimentos.
Nascemos nesta casa que é o nosso corpo, limitado pela nossa pele. Conectamo-nos ao mundo através da voz, gestos, expressões e da energia que carregamos dentro.
Num mundo virado para o umbigo, distraído destas conexões, a solidão torna-se assídua, dando-nos a mão repetidamente.
Neste embalo que nos traz a mão da solidão podemos ser inteiros e livres de julgamento. Na solidão conseguimos ser amor, o do amor próprio, onde somos suficientes.
A solidão nas noites frias, é solidão de nós mesmos. Num vazio que nem nos encontramos. Não pertencemos a ninguém, nem fazemos parte de nós. Essa sim, uma solidão emocional, de dor aguda, que faz frieiras no coração.
Temos de ser o bastante para nós, para depois sermos de sobra para os outros.
Porque solidão, seremos sempre, é uma condição da vida humana. Estaremos sempre sozinhos dentro de nós e garanto que ninguém estará lá connosco. Os outros serão apenas recheio, que acrescentam sabor ao conteúdo do nosso ser.
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Texto para o IV encontro da escrita da @omundonasentrelinhas com o tema “Solidão”.