O frio geme delicadamente nos ossos,
como quem se arrepia nos confins de um orgasmo,
é no seu balançar que me calo, no sorriso capilar, no espasmo,
nos sangues que nos agasalham,
(Per)feitos nas mesmas medulas, mas aos avessos.
E é per capita, per derme, per hélice e vértice, per arestas
por dor, prazer, por deleites que nos tremem, que nos chocalham,
que nos (per)fazem nas fronteiras de cada existir.
Somos fruto de amores aos defeitos, remendos do nosso florescer,
germes que copulam nas papilas gustativas do sorrir,
libélulas desenfreadas nas nébulas de uma avalanche por acontecer.
(Per)doa-me a vontade que mora nas grutas da fantasia,
e voa comigo nos céus da ventura,
roçaremos o arco-íris noturno, despojados de arma ou armadura,
faremos amor nos lagos glaciais da eternidade, ao ritmo da ventania
germinada pelas hélices de um helicóptero.
Se formos para ser, que sejamos (per)feitos
Entre o universo e as galáxias, uma flor e o Amazonas, uma gota e o mar…
Embaraça-te comigo,
Faz cotão das minhas hormonas
Emaranha-te em mim, suicida-te no meu respirar, no ondular do peito,
Toca-me, profundamente, sem pudor, para lá da carne, da alma,
num local que é meu e teu, onde o tempo para, e tudo é paz, calma,
um local, amor, sim, um local execrável, para os demais, contudo,
centelha do meu abismo, para nós…
é subliminarmente per(feito)
🙌🏻Um poema a duas mãos, com o meu querido Carlos Palmito