Se a memória não me falha, teria todas as memórias duma vida.
Procurar a memória mais antiga dentro de tudo o que é passado,
é pedir ao cérebro para ser um enorme depósito de imagens, sensações, cheiros e emoções.
Recordações que se sobrepõem conforme o peso, tamanho e marcas no percurso.
Á medida que andamos em marcha atrás, fica estranho o discurso.
Cada vez mais baça a memória, acalenta a nitidez apenas
Os momentos que, dalguma forma, mantém a forma em pensamento.
É então que o fluido fresco desce-me a garganta.
Paira no ar a memória do que era a sede. Naquele dia de verão, a sede era o que me afligia,
Pelos gastos excessivos de energia,
Como por magia.
Era água que eu bebia aflitivamente,
de olhos postos na garrafa
E os pés na área quente.
O fresco que senti pelo queixo, peito, barriga e coxas.
Deixei entornar, as habilidades eram frouxas,
A sede abundante.
Numa manhã a construir castelos
Em areia escaldante,
para princesas imaginárias,
com esperança que um dia me torna-se numa.
Oh… aqui não há monarquias e a sede matou-se,
num trago cheio de pressa!
Como se mata tudo o que nasce,
como acaba tudo o que começa.
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