Incerteza
Pus-me a pensar no que se traduziria a maior causa de ansiedade de todo e qualquer comum mortal, e cheguei à conclusão que é, com certeza, a incerteza. O que será pedirmos um prato cheio e comê-lo às cegas? O que será termos de dar um passo num chão movediço?
A incerteza é este frio na barriga quando ansiamos por bons resultados, quando colocamos muita expectativa no futuro. A incerteza é cruel, mas é a que nos faz desfrutar mais do presente, porque o presente, sim, esse é certo.
Difícil isto de sermos agarrados ao futuro, na ansiedade de que tudo corra como planeámos, com pensamentos a mil kilometros-hora que nos colocam uns tempos mais à frente, impedindo-nos de apreciar o aqui e o agora.
Vivemos neste dissabor de querermos que as incertezas se tornem certezas, quando tudo o que é certo… menosprezamos.
Seremos merecedores de um futuro, quando não sabemos viver o presente? É que a vida passa e o futuro, rapidamente, se torna presente e as incertezas, certezas. De que nos vale? Se continuamos a tratar mal o presente com medo das incertezas paridas no futuro?
A incerteza é uma dádiva para o crescimento, para a reflexão, para nos desafiarmos. A incerteza surge para nos deleitarmos com o que é certo, exato e só o é… no agora.
No entanto, preferimos prosseguir assim, entre agoras e depois, entre rodadas de ansiedade e de incertezas, até à última rodada… onde já não há mais futuro por viver e a única certeza foi a morte.
👉🏻publicado também no blog da @Valletibooks- reflexões nº17 (24/04/2022)