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Tem juízo, Joana!

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

05
Jan23

Ao meu amigo Carlos


É tinta preta

Escorre

Faces

Dedos

Cabelos

… Esperma

Tudo vira conto

Prosa

Ou poema.

 

Sombrio

Encoberto

Misterioso

Silencioso

Cabeça barulhenta

Deuses

Heróis

Ideias loucas

E a… tinta preta

Verte

Palavras muitas

Ou poucas.

 

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Em homenagem a Carlos Palmito
.
Parabéns meu querido amigo, escritor, inventor, informático (nas horas vagas), encantador de gatos e tantas outras habilidades que não poderei revelar, pois tirar-te-ei a graça e o mistério.
Parabéns amigo que a escrita me deu, que a amizade manteve e que a poesia cuidou…
Parabéns pelo ser incrível que és, pela criatividade… eu acredito que dentro de ti vivem estrelas, espadas, terra, poemas, sangue, efeitos sonoros, heróis e… sei lá! Vive um mundo em ti, meu querido!
Parabéns Carlmlito!
Se eu sou a menina dos mil e um corações, este último devo-to a ti!
Obrigada por fazeres parte 🙏🍷

 

04
Nov22

Homenagem casamento Tiago & Orlando


Conheci o Tiago com um brilho nos olhos. Sim, aqueles lindos olhos azuis com pintas amarelas que só ele é capaz de ver. O brilho vi-o eu. Um brilho cheio de determinação e bravura, consciente daquilo que queria ser, daquilo que queria ter e daquilo que queria sentir.

Um rapaz de mãos gastas pelo trabalhador que é, de cabeça erguida pelos objetivos que pretende atingir, mas o coração destaca-se pela nobreza e honestidade.

Conheceu o Orlando por mero acasoBom, eu não sei se o destino existe ou não, mas o acaso traz estas surpresas, as quais não conseguimos arranjar razão que as justifique. Este amor, que celebramos aqui hoje, nasceu desses acasos, uma mera casualidade. Quão bonito consegue ser o inesperado? Que consegue mudar-nos a vida assim?

E, se a eternidade é uma ilusão, confiemos na aleatoriedade do universo, que nos trouxe até aqui hoje para aprender aquela religião universal: o amor. Sabendo que a glória, depende de cada um de nós, porque o amor nunca deixará de ser uma escolha, uma escolha diária.

Se o tempo falasse contaria a história destes dois corações que se decidiram enamorar há 5 anos atrás, num seio de coragem e determinação. Falar-nos-ia do Orlando como o suporte, que deu guarida à estabilidade emocional do Tiago. Acrescentaria a dedicação que têm um no outro, e, como em tudo na vida, a tolerância capaz de abraçar tanto as virtudes como as imperfeições. Entre gargalhadas, revelaria os momentos de humor partilhados! Contaria as inúmeras idas e voltas de comboio do norte ao centro e do centro ao norte, que desnorteava os apaixonados quando a saudade decidia gritar.

Se o tempo falasse falaria das dúvidas, dos medos, das questões que foram surgindo ao longo do caminho. Descrever-nos-ia as lágrimas da distância, de uma cega perseverança de quem sofre, mas que não quer desistir! Os punhos cerrados que se erguiam às dificuldades, mas o peito ia cheio para vangloriar o amor que decidiram partilhar.

Hoje celebraremos a liberdade, a de poder amar sem restrições, hoje celebraremos o verbo dar e o acreditar. Dar haveres infinitos, os que não são feitos de bens, mas de bem-quereres. E, acreditar, acreditar que tudo tem uma força maior, superior a nós, que nos faz caminhar na vida confiantes e crentes no amor eterno. Porque mais do que pensar na eternidade é acreditar nela. E o amor só será eterno quando “acreditar” for assíduo na rotina diária.

Então, hoje, acreditem e deem todo o amor de que são feitos. Deixemos os comboios de lado, os que fizeram parte da vossa história, porque daqui para a frente será um voo, aplanado nas nuvens da cumplicidade, lealdade e respeito e, quem o pilota são os dois, crentes de que juntos, saberão sempre por onde ir.

No vosso voo deem lugar à liberdade, à individualidade, à escolha, para que sejam sempre livres de serem vocês próprios, com as vossas próprias escolhas. Porque o amor toma uma beleza colossal quando escolhemos livremente em quem entrelaçamos as mãos.

E se o tempo continuasse a falar, que nos venha contar esta belíssima história de amor ouvida e sentida com o coração. E que todas as idas e voltas, todas as viagens, sejam um percurso perfumado, a pé, num voo ou, como dita a história, de comboio mas onde os dois, caminham sempre de mãos dadas, cientes de que este amor é luz, a luz que vos irá guiar para sempre.

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👉🏻 homenagem ao amor, num casamento onde a distância se reduziu pelo afecto e vontade de ficar junto.

 

30
Out22

Superpopulação


“Pessoas a mais tem o mundo”, pensou enquanto agitava o copo de uísque numa mão, na outra, segurava o telefone, aberto numa rede social qualquer.
“Pouco importa. Somos tantos aqui, como somos no mundo virtual.”, pousou o telefone, o scrolling excessivo trazia-lhe a solidão. “Somos tantos… e temos mais stories do que histórias, mais seguidores, que amigos de verdade…”, voltou a pensar, pelos vistos, a mãe terra tornou-se insuficiente e o mundo virtual tem de levar por tabela, coexistindo lá por longos intervalos de tempo.
Acendeu umas velas com cheiro a jasmim e aromatizou o ambiente com bossa nova, de copo na mão, balançava-se sem os pés darem conta, nem o seu cérebro saber.
Adorava finais de tarde, deslumbrava-se com o alilazar do céu, aquele momento egrégio que era o alvo de “regresso à calma”.
Respirava fundo, para se manter presente, cheirar a terra molhada que vinha das janelas abertas; a pele morena arrepiava-se sempre, aquele era o momento destinado à reflexão.
“Será que mais alguém repara na beleza deste céu?”, o cor-de-rosa que, serenamente, se estendia a azul, mesmo acima dos prédios, com as chaminés e antenas a interromperem o cromático de um céu que se prepara para adormecer.
Ao fundo, os fios elétricos do comboio que liga a capital à periferia, uma linha que atrai aglomerados de gente de todas as cores para sobreviverem num sistema onde o dinheiro se multiplica para os ricos, enquanto que para os pobres, o quadro não fica bonito!
Contam-se os tostões que já vão no bolso, porque debaixo da cama passou a ser arriscado. O dinheiro é reproduzido pelo suor do tempo, não há dicas nem magia que recheiem as contas bancárias das vidas destas almas; a finalidade deixou de ser a felicidade, o brilho nos olhos ao acordar, para ser a folga em dígitos numerários assim que se termina os pagamentos das despesas obrigatórias à vida.
Com o dedo indicador retirava os cabelos ruivos que lhe intersectavam a visão “Onde vamos parar?”, pensou, a ocidente matam-se com explosões, um tomo na história. Pólvora ensanguentada que faz banhar os pecadores de um falso poder. Um poder que não existe, pois a imortalidade é invisível e, afinal, todos morremos, somos todos subordinamos do grande mistério da vida e… da morte.
É interrompida pelo som da broca que advinha das obras no andar de cima. O vizinho vai ser pai e julga que aperfeiçoar o apartamento irá trazer maior felicidade à filha que aí vem. 
“Como pode o vizinho achar que a casa fará diferença, quando traz uma criança a um mundo carcomido destes?” E os ecologistas já disseram:
— A superpopulação é um problema sério. - “Mas ninguém quer saber! Nem o vizinho!”
O barulho continuava, “Como odeio apartamentos.”. 
Num só trago bebeu o que restava da bebida, deixou o gelo a tilintar no copo e os pensamentos a marinar no oceano do seu juízo. 
Aquela maré cheia de um mar revolto de reflexões, vazou… até à próxima lua, que num entardecer bonito como aquele, voltará a ganhar ondas de senso e, talvez, quiçá, transformar-se-á em maremoto.
 
👉🏻 poderás encontrá-lo também no blog da @valletibooks REFLEXÕES N°44 - 30-10-2022 e no Spotify do blog da Valletibooks.


Autoria: Tem juízo, Joana
Declamação: Tem juízo, Joana & Carlos Palmito
Produção: @Valletibooks - Luiz Primati
15
Out22

Quando a lua dança


Noite que se pôs cedo, sob uma lua amarelada e cheia. Como ela odeia o horário de inverno, estes dias curtos e escuros, que a deixam mal-humorada. Segue pelas ruas de auscultadores postos a ouvir as músicas que fazem sentir-lhe as raízes. Por ali, a inveterar pelos ouvidos tudo o que ela é, vai andando ao passo que dança. O corpo contrai-se involuntariamente, está-lhe no sangue, não há como contrariar.

Estas cantigas recordam-lhe a infância, as festas de família, amigos e espectáculos de dança com variados grupos de que fazia parte, julga terem sido o cenário de semeadura daqueles ritmos na sua anatomia, entranhados por todos os orifícios.

Naquele passo díspar, num compasso dissonante dos demais que por ela passam, o olhar vai-lhe vazio, porque se olha a dentro e… Sorri, sorri de prazer com o que a faz sentir.

Nunca ouve uma música do início ao fim, quase como superstição, pois do trabalho até casa, ela tem de conseguir ouvir as melodias que lhe fazem vibrar o corpo.

Lá em cima a lua assiste, grande e magistral, a esta manifestação eloquente do que a junção de tambores lhe impõe à sua espécie, numa cadência e vigor como se não houvesse outro dia.

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👉🏻 também o podem encontrar no #blog da @valletibooks REFLEXÕES nº 38 - 18/09/2022

24
Set22

A ilha


A areia é fina, suave e quente. Devolve-me o conforto de outrora sentido quando me deitava no sofá ao som da televisão. Hoje, esta vasta extensão creme é o meu único assento e o som de fundo as ondas do mar.

Podiam ser tempos de plenitude, pausa e… glória. Mas o tempo é infindo, as certezas desconhecidas e a mente inconformada. Já vai longo o tempo que aqui estou, tanto, que o azul turquesa naturalmente se converteu no meu teto durante os dias e o manto de estrelas, nas noites.

Difícil é ser-se, muito mais o é sendo sozinho. A mente, por vezes aliada, outras vezes adversária, torna-se um músculo forte à minha sobrevivência. Se não o treinar, nada é, nem nada sou.

O meu físico está saudável, mas insiste em dizer-me que não estou bem. Nutro o corpo, treino-o, mas não me faço acompanhar de ninguém. Não posso. Permiti-me repousar aqui para ganhar saúde e tudo o que ganhei foi uma prisão perpétua. Sinto-me um selvagem, um ser sem rumo, com um único propósito: existir. Existir dentro desta casca que tenho de alimentar. Eu sou casca, porque dentro já não levo coisa nenhuma. Os meus neurónios desapegaram-se das conexões cerebrais, comandam exclusivamente o aparelho locomotor, enquanto que no cérebro são apenas um chocalho tosco sem nexo. Salto de pedaços de pensamentos em pensamentos e nunca termino o raciocínio. O discernimento fugiu para o couro cabeludo, não faz parte das minhas opções. Aqui tudo é luminoso, brilhante e claro, mas na minha mente não há sol, é sempre inverno tempestuoso.

Hoje pesquei. Não me perguntem o quê, porque não os sei distinguir. O sabor eu já conheço de cor, pois é um dos que rompe muitas vezes no suposto anzol que inventei com um espinho de cato. Mais tarde, sentei-me em meditação, mas a noção esquiva-se e o sol queima que nem lava. O foco desfoca-se e a pele arde.

Queria ouvir o som das ondas do mar, mas tornou-se quase inaudível, pela presença ininterrupta. Ao início era relaxante, forte, penetrante, quase como minha cúmplice, agora… magoa-me.

A solidão magoa-me.

Agarrei-me a este caderno para não perder a cabeça. A cabeça não a perdi, perdi o sentido, talvez todos os sentidos do mundo. Escrevo aqui para me poder ouvir, porque a solidão entope-me os ouvidos e estas letras são a minha companhia. Eu sou a minha única companhia.

A que soa a tua voz? Não me lembro.

Quero recordar os corpos, o contacto, aquele teu toque no meu pescoço, o bafo húmido de uma respiração que não a minha. Não consigo! Não sei! Não encontro memórias desses tempos que me alberguem estes neurónios desconexos.

Escrevo, porque falar já não sou capaz, nem sei se me sai algum som pela boca. Terão as minhas cordas vocais enferrujado? Será assim que se transfigura o ser mais só da terra?

As frases formam-se na minha cabeça, através de imagens que já não sei verbalizar. Existem coisas que já não tem nome. Às vezes, nem eu tenho nome.

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