Filha de Gaia
“Tenho em mim todas cores do mundo” — dizia-me ele por entre os sussurros do vento. Latejavam lágrimas de mar que ondeavam-me os olhos escuros cor da terra, sempre gostei de o ouvir. Traz-me paz e, ao mesmo tempo, um espírito de missão tão grande, impossível de caber numa vida só.
“Tenho em mim as vontades do mundo” — repetia embrulhado na espuma branca salgada. Sou rajadas de vento que arrasta pétalas desprendidas do jardim éden, vulcões ferozes que ejaculam o magma dos deuses. Camaleão, camaleoa, coloras-te com os chãos da mente e as brisas da primavera.
“Tenho em mim todas as forças do mundo” — encorajava-me pujante como um leão! Tenho em mim mil beijos encarnados de doce mel e os abraços quentes nos corpos nus. Num olhar pinto a terra e com as pontas dos dedos as peles das cores que eu quiser, canto aos ouvidos das árvores e… no pensamento dançam poemas.
É ela, é a filha de Gaia.