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Tem juízo, Joana!

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

25
Dez24

Feliz Natal, avó


No teu céu cor das pérolas que levas penduradas nas orelhas, existe uma festa onde só nós dançamos.

Uma é princesa, outra rainha e uma filha. Chamada após chamada, éramos sempre nós.

Nesse céu cor âmbar tal qual os teus olhos outrora vivos, estás em paz com as tuas dores. És doce, aguerrida, altiva. Fazes falta a quem deixaste para trás.

Por entre as rugas do teu peito, moram as nucas que aí descansaram. Um ninho abrasador, aveludado, seguro. Eras isso.

O colo.

Qualquer um é o teu melhor sorriso e, com um deles, iluminas as descidas à terra. Vens lembrar a saudade que faz corrente de ar nos nossos corações esburacados.

Esses espaços ocupados por lembranças, sentem o teu respirar. Guardamos tudo por onde tocaste, tudo o que amaste, para que a tua falta não se faça sentir. Mas cambalhotas sobre cambalhotas, tudo nos leva a ti e tu levas-nos à dor do que é lacerar uma presença ausente.

Hoje é sempre o dia que mais saudades sentiremos, depois de ontem. É uma infinita batalha num coração ferido de recordações masoquistas que queremos recordar mas que doem.

Hoje é sempre o dia que queremos sentir-te connosco, depois de ontem. Interminável vício de querer e não poder.

Hoje será sempre o dia que mais te amaremos, depois de ontem. Como se não fosse possível guardar tanto o amor de alguém.

Mas hoje, depois de ontem, será o dia que todos sabemos o quanto gostarias de estar aqui connosco, se o teu céu estivesse na mesma morada da nossa casa.

15
Fev24

Quanta saudade guardas tu?


A mesma quantas estrelas possas contar!

Num céu vasto e infinito, consegues contar as estrelas?
Consegues medir o tamanho de um aperto?
Aquele que se desapertava veemente para rebobinar a vida atrás, e vivê-la mais uma vez.
Que peso terá a saudade que carrego no bolsinho nostálgico deste coração? O peso do mundo. Tem peso o mundo?
Quantas mais lembranças, quantas… mais belas… lembranças, mais pesado fica, maiores as lágrimas que nascem nos meus olhos. É um peso, o peso de uma vida partilhada…
Quereria tocá-la, beijá-la, voltar a vê-la, para a fazer sentir-se amada novamente, para que o meu coração pudesse chorar um bocadinho no seu colo.
Será a morte a maior causa de saudade do mundo? Penso que sim. No meu coração foi a morte que me ensinou a verdadeira saudade. A maior de todas, insaciável. Essa derradeira… que todos os dias me mata um bocadinho, ao mesmo tempo que cresce.
Tem tanto de belo, como de triste, esta saudade. Quanta mais guardo, mais triste fico, quanto mais belo foi o que vivi com ela.
Quanta saudade guardo eu? Guardo tantas saudades, quantas mais puder, esperançosa de que sejam capazes de se matar. Um dia…
Quanta ambiguidade…
Quanta saudade…

09
Fev24

2 anos de luto - Espero que ela te conheça a energia


Tomo o café, todos os dias sem excepção, numa das tuas chávenas. Só porque acredito que assim te invoco para ao pé de mim. Que te sentarás à minha beira e me irás dar cavaco.
Até falo alto, sei que ouves mal… talvez agora pior!
Tento escutar-te, quiçá um sinal de que me estás a ouvir… nada! Mas a fé de que estás comigo consegue tornar-me mais surda que uma porta e ocupa-se de que cumpro sempre este ritual para te ter perto.
Falo-lhe de ti, sabes… conto-lhe como és(eras), das tuas traquinices, do teu português atropelado, das tuas rugas fundas. Encho-a de ti! Quero que ela te sinta, que te conheça como eu conheci!
Mostro-lhe fotografias e vídeos teus e rimo-nos as duas, ela nem sabe bem de quê. Na inocência dela espero que saiba quem és, quando te encontrar por aí… nos olhares que ficam a pairar no vazio.
Neste costume tão nosso, choro… choro a saudade eterna que terei de ti. Choro o lugar à mesa de quem a Mariana não usufruirá. Choro pelas gargalhadas castas que ela nunca ouvirá. Choro pelo colo que tanto me deu e que à Mariana não dará…
Mas ela leva um pouco de ti, eu sei! Encarregar-me-ei disso!
Dei-lhe uma parte do teu coração que trago comigo ao peito, dei-lhe as memórias e presumo que também a rebiteza e o fervor. Veremos…
Encarregar-me-ei de que ela viverá contigo, ostentará a tua graça e será abençoada só por te conhecer a energia.

✨2 anos a (sobre)viver sem ti, avó✨

18
Nov23

Não decides tempestades


Tu não decides as tempestades. Tu és as tempestades!

Aquelas que rompem no céu encoberto de nuvens tenebrosas, zangadas, indomáveis.

As que te fazem tremer, que te eriçam o cabelo, que te cravam os maxilares um no outro, que te vincam as rugas até aos ossos.

És as cólicas que te revoltam o intestino, és os violentos gritos presos às cordas vocais, e, também, a cólera que mora no desespero do circunstancial.

Não controlas o mundo!

Não tens rédeas, não tens mapas, não há trilho que te faça caminhar direito.

Perdeste-te no arejar de um vento que inventaste. A bússola rodopiou vezes e vezes sem conta até não teres mais pontos fixos. Os cardeais perderam o norte, o sul, o este e oeste. E o que parecia garantido, de nada serve aos olhos irados do imprevisto.

Não decides as tempestades, elas decidem por ti!

Encharcam-te os sapatos de esperanças e orações mal ouvidas. Águas de tempestades vividas. Águas das dores que mais ninguém sentiu.

Não decides tempestades!

Cansada, olhas o céu de nuvens farto:

“As tempestades alguma vez param?”

— Não — responderam-te. — Mas os arco-íris também não. — reconheci-lhe a voz, vinda de longe, de onde as almas não têm nome.

A tempestade tem o peso das tuas cores.

08
Mar23

Faz um ano


Faz um ano que nasceu uma estrela nos mundos feitos de outras partículas energéticas. No mundo das coisas palpáveis, deixou as carnes, as ossadas e os pertences.
Faz hoje um ano.
Foi a minha primeira volta ao sol de uma dor vazia, mas cheia de recordações, impotente, mas crucial ao crescimento. Podia chamá-la de dor fantasma, oca, também uma constante moinha no peito… não sei, não sei definir melhor.

Estivesses tu aqui e que eu pudesse desfrutar do teu sorriso, do teu cheiro a colo. Doí-me agora a tua transparência… uma dor desabitada… que me impede de te tocar.
Visitas-me nos sonhos, onde tento matar a fome insaciável de te ter comigo, de te sentir.
Queria-te aqui!
Doi-me até lembrar… mas tão pouco me quero esquecer. Do quanto - Noa- o teu perfume, me cheira a casa, a ninho, a amor. Do sabor imbatível do teu bolo de cenoura mal cozido, que me enchia as peles, que só tu as vias. Das palavras que não sabias dizer porque nunca aprendeste a ler, nem escrever, mas também nunca deixaste de te saber exprimir.
Quem te conheceu, sabe da fortuna que falo. Censuravam-te a franqueza, que derrubavas qualquer um num abalo.
Da tua simples e limpa casinha com cheiro a arroz de cabidela. Fazias-lo exclusivamente para nós, com um enorme sorriso, numa enorme panela.
Das tuas mãos ásperas, deformadas do tempo, mas que estavam sempre a tempo de um cafuné.
Sabes é… desta ternura interminável que sinto falta. Da tua voz meio rouca, mas esganiçada como a da mãe. É a tua doce travessura que me faz ir às lágrimas… porque é disso que mais tenho saudades diárias.
Faz um ano, avó. Faz um ano que falamos entre os silêncios. Faz um ano que rezo, só porque acredito que assim me possas ouvir melhor. Faz um ano que aos sábados de manhã, bebemos café e eu conto-te as novidades. Faz um ano que nada vence a dor da tua ausência. Mesmo depois de um ano a sentir-te omnipresente.

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