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Tem juízo, Joana!

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

19
Dez24

Sou lume


Sou as febres que me ardem do umbigo a dentro,

A força que me ergue do peso silencioso do cansaço.

Sou os verbos do amor,

Sopro pétalas no pulsar de um coração generoso.

E sinto a paz…

Dou o peito ao mundo,

Inabalável de impactos.

Sou raiz e vento,

Que dança entre abismos.

Sou ponto, mas não sou final.

Um traço leve, mas infinito espiral.

 

Sou lume que nunca se apaga.

18
Jul24

Somos nada


Somos pedaços de coisas e coisas cheias de pedaços.

Somos rasgos de dor, ardor, somos dores rasgadas, laceradas, cortadas.

Somos gritos, pele, cabelos, somos tudo e nada.

Somos recortes, cortes, fusões, colagens…

Somos o mar, as árvores, flores, somos reutilizados ou reciclagem…

Somos a paz, o céu, as tempestades, chuva, guerras e granada.

Somos tudo, mas não somos nada.

07
Jun24

Policromia


Ninguém nos pinta de todas as cores. Somos espectros obscuros, amarrados, dissimulados e livre nos pensamentos. Somos cor, pálidas, garridas, terra, somos policromia. Espirros de tinta que ficou a secar sobre a velha tela. Salpicos coração de várias dermes que tanto tingem como despigmentam.

Ninguém nos sabe de cor. Somos tantos cheiros, tantas memórias, tanta pele, somos tudo dentro de nada ou vários nadas dentro de tudo. Um tudo, todo, tanto sem fundo, fim, nem porquê.

Novelos de cores emaranhadas, nas sombras dos raios de luz mais fulminantes. Tantas são as sombras, quantas mais fagulhas tem o nosso sentir. Tais são os arco-íris, quanto maiores são as trevas que nos incendeiam.

Somos seres camaleónicos, débeis, aguerridos, putrefatos, sorrisos, cuidado, firmeza e, também dor. Somos os nós, o lixo, a flor, abraços, molhos. Somos olhar e… amor.

Somos cordas bambas, hirtas, gastas, rotas. Somos caducos, férteis, passos, despidos, alvos, mascarados, livres e terror.

Somos um coração com batimentos que não são nossos… mas dos outros.

Tocamos a discrepância nas próprias terras e, sem dar conta, semeamos vários “eu’s” em solo estéril. Envergamos o conjunto, sabendo que não sabemos vestir em separado.

Ninguém nos pinta de todas as cores, porque a abundância tem os tons do infinito mesmo num corpo parco.

Somos…

Somos o mundo e uma casa.

Ninguém nos pinta de todas as cores. Somos espectros obscuros, amarrados, dissimulados e livre nos pensamentos. Somos cor, pálidas, garridas, terra, somos policromia. Espirros de tinta que ficou a secar sobre a velha tela. Salpicos coração de várias dermes que tanto tingem como despigmentam.

Ninguém nos sabe de cor. Somos tantos cheiros, tantas memórias, tanta pele, somos tudo dentro de nada ou vários nadas dentro de tudo. Um tudo, todo, tanto sem fundo, fim, nem porquê.

Novelos de cores emaranhadas, nas sombras dos raios de luz mais fulminantes. Tantas são as sombras, quantas mais fagulhas tem o nosso sentir. Tais são os arco-íris, quanto maiores são as trevas que nos incendeiam.

Somos seres camaleónicos, débeis, aguerridos, putrefatos, sorrisos, cuidado, firmeza e, também dor. Somos os nós, o lixo, a flor, abraços, molhos. Somos olhar e… amor.

Somos cordas bambas, hirtas, gastas, rotas. Somos caducos, férteis, passos, despidos, alvos, mascarados, livres e terror.

Somos um coração com batimentos que não são nossos… mas dos outros.

Tocamos a discrepância nas próprias terras e, sem dar conta, semeamos vários “eu’s” em solo estéril. Envergamos o conjunto, sabendo que não sabemos vestir em separado.

Ninguém nos pinta de todas as cores, porque a abundância tem os tons do infinito mesmo num corpo parco.

Somos…

Somos o mundo e uma casa.

29
Out23

• De que é feita a minha seiva? •


O toque na sola dos pés lembra-me de que são feitas as minhas raízes. Evoco a minha ancestralidade. Quero conhecer-lhes os egos e os temperos que se transportam de sangue em sangue, de mão em mão, de terra em terra e de coração em coração. Sou todas as raízes capazes de se sentir, de se ouvir, até mesmo de se cheirar. As raízes que ficam para lá da memória, em gerações quase imortais, que vivem mesmo debaixo da minha pele, debaixo da silhueta da minha alma, fincadas no vasto céu do meu ser.

Genes dos meus genes, sou os resultados dessas tantas histórias cheias de real, de existir, mística, guardados na mãe-terra.

Seremos nós o que sentimos?

Seremos nós a bagagem que carregamos?

Livros saturados de passados, narrativas que contam os viveres das consciências eternas. Anciãs biografias bafientas do decurso estendido nas encostas dos anos. Vestígios abençoados de tudo o que já foi vida.

Seremos nós essa colecção de antepassados?

Ou somos únicos e exclusivos, sem um pingo de existências anteriores?

Teremos oferendas guardadas de cada raiz no baú das origens?

Temos?

Mas afinal… de que é feita a nossa seiva?

Das raízes, de páginas de história, dos sentires… são feitas de idas e vindas de emoções e sustém-se na magnitude das nossas vivências, as que levamos de corpo em corpo.

Hum… de que é feita a nossa seiva?

De volumes, de existires… em nós e nos outros. Dos sangues que se misturaram nos orgasmos gritados nos séculos, das salivas que deram vitalidade aos beijos, aos amassos, aos corpos que se acoplaram para a posteridade. Somos essas massas, essa consciência primitiva.

Somos esse mesclar. Somos todos os progressos das gentes que sentem e das gentes que são. Somos seiva.

Eu sinto. Eu sou.

Sinto as raízes na sola dos pés.

Sou seiva.

De que é feita a minha seiva?

04
Mai23

Terreno baldio


Um embaraço, sem saber o que faço, ou se desfaço.
O labirinto é longo, mas a saída é só uma. Embrulhei-me nas vontades, nos quereres presos noutros olhares e perdi-me.
Perdi-me de mim, do outro e de mais alguém.
Que labirinto é este só de uma saída?
Um embaraço, onde me desgraço. Corro, corro e nunca alcanço, palpo tudo e tudo é ranço.
Escorregam-me as mãos pelas lamas da ganância, de hipocrisia besuntaram a minha cara, fede a imoralidade.
Dificuldade.
Dificuldade em tirar a venda dos olhos, meter-me em trabalhos e deflorar velhos folhos.
Descobrir.
São fios de novelos emaranhados, mas que terminam num só. No mesmo.
São corpos, braços, pernas, cabelos, fluídos que se ligam todos. No fim.
É amor, ódio, gentileza, inveja, rancor, generosidade, todos misturados na bebida alcoólica das emoções. Alcoolizadas. As moléculas neurais do sentir, mesmo não sentido.
Suspensos. Os roços das memórias do que vivemos, sem viver.
Ausentes. Industrializados numa sociedade omnipresente, sem estarmos em parte nenhuma.
Hesito, paro. Quem faz um labirinto de uma só saída? Não há escolhas, mudanças nem predileção. Não. Não vou correr, andar ou rastejar. Não sigo a mesma direção.
Hesitei e parei.
Escuto. O som é robótico.
Não quero! Jamais!
Escuto. Tic-tac-tic-tac.
Que labirinto é este tão condicionado?
As unhas estão lascadas, o cabelo espigado. Os meus olhos tornaram-se sensíveis à luz, os lábios ressequidos.
Levanto os olhos e tento espreitar a lua que nasce, em busca de um beijo que me molhe a boca de vontades. Não se veem as andorinhas e o céu está a desvanecer.
As peles tornaram-se acinzentadas, áridas.
A liberdade perdeu a cor.

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