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Tem juízo, Joana!

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

19
Mai23

• Cumprimento •


O coração é um lugar sagrado e o céu o palco da magia. Somos filhos deste ilusionismo, irmãos ligados por essas mesmas raízes da terra, que nutrem o cosmos existente no espaço e nos corpos.
Nas mãos pairam as energias da verdade, caminhamos lado a lado, almas eternas, eternamente. A veracidade é o nosso animal de estimação que, num sopro, se evapora como cinzas na brisa outonal.
O coração é um lugar sagrado e as mãos juntas em prece, iluminam o divino em mim. Forças invisíveis, mas poderosas, produzem uma esfera dourada em meu torno e, num único gesto humilde, com as mãos unidas em frente ao peito, curvo-me para saudar o sagrado que vive em ti. Um movimento célebre que serve de metáfora ao cumprimento mais digno entre seres.
Bálsamo que lava as faces de respeito, para que prossigamos juntos, de mãos dadas às fés que escoam no amor. Somos essências desiguais respeitadas num todo, através de um gesto encorpado desse significado.
Filhos do mundo, de liberdades que atravessam (pre)conceitos, habitantes de uma só pele, um lar, dádiva da vida em comunidade.
E em homenagem ao propósito, seguimos pelos caminhos da libertação, cientes de que a simplicidade é indispensável e a gratidão, o melhor lugar.

09
Dez22

A roda da vida


A roda da vida que rola, rolando uma conjeturada esfera sem vértices. Curva, como o tempo que não para. Redonda, como o abundante que a vida é.

A roda que vive na vida, como tudo o que rola ou que se enrola, pelos cenários impostos ou os campos onde é suposto rolar, uma simbiose equidistante entre vários pontos por ela formados.

Um círculo separado em partes, pelas partes que constroem o círculo, escalando a atenção e prioridades, assinalam-se os pontos e sublinham-se as dúvidas.

Foi traçado o panorama integral.

Neste momento da vida, a roda deixou de ser roda, mas rola na perpetuidade de si própria. Um rabisco de vértices com embaraço para rolar. Em partes perdeu o diâmetro, noutras ganhou distância, contudo a consistência permanece, como a gravidade que nos aprisiona ao solo.

Matuto nesta roda tosca que deixou de rolar assim que lhe escangalhei os pontos. É difícil ser-se equilibrado, sem desigualar as distâncias.

Aqui, ao invés de se atraírem, os opostos resolvem-se. Numa relação de interajuda, frente a frente, são o meio para atingir um fim. A boia de salvação um do outro.

Trabalhoso girar rodas em campos que quero estacionar… Então, desenrolo-me com este hieróglifo, porque sei o que devo privilegiar, sendo esfera ou disforme, estes são os meus atuais contornos. E mesmo se parecer absurdo fazer rolar esta vida desmedida, tenciono continuar a empurrar, pois rolando ou deslizando, com certeza deixarei sempre rasto.

———

👉🏻 publicação no #blog da @valletibooks REFLEXÕES Nº 49 04/12/2022.

20
Nov22

O mar em mim


Olho no fundo da retina destes olhos. “Quem és tu?”

Um mar de vários oceanos, onde já desaguaram sobejos rios e continuam a respingar outros, advindos de toda a parte do mundo.

Doces, salgados, verdes, enlameados, pequenos ou grandes, rios que se juntam às mil e uma gotas deste meu oceano.

Sou um mar azul, de emoções fortes, por vezes revolto, outras tranquilo.

Nas tempestades faço vórtices na intempérie da escuridão, enlouqueço na maré alta do meu sentir pesado.

Da mesma maneira que o mar, depois do temporal, também em mim se planta a calmaria, repleta de confiança no universo, nos astros, no amor, no cosmos, onde o coração bate ao compasso de uma maré baixa. Então, guardo comigo todas essas marés, uma coleção do que sou, aconchego-as com a maior humildade que acredito ter, para poder honrar o meu percurso e proteger-me das melancolias negras que um e quaisquer pensamentos são capazes de possuir.

Os meus olhos não são azuis. Não têm a cor do mar. Foram-lhe buscar as tempestades, a personalidade, o imprevisível de poder ser o que melhor servir nos diferentes momentos da vida.

Na íris mora o respeito, esse que emerge em cada ondulação do que me possa tornar, já que, na corrente da vida, somos seres de copiosos traços, falar de mim, implica caracterizar o que não pode ter fim. Tal como o mar.

Mas, os meus olhos não são azuis. E, não é por serem de outra cor, que não amam tudo o que abrange o seu olhar.

Acomodam-se neles o amor, um brilho especial pela vida. Julgo ser esse o grande pormenor que me faz amá-los na completude do seu reflexo espelhado.

Estimo-lhes a aprendizagem, empenhando-me para amar tudo o que já fui, pois, todas as marés que romperam em mim, deixaram memórias viscerais semeadas entre os folhos do meu ser.

Como disse: os meus olhos não são azuis, são da cor da terra, onde todo o mar faz baia. Sou raiz, consistência e robustez.

A generosidade também passeia por lá, talvez mais pelo meu sorriso, enorme e luminoso, com o propósito de acrescentar um tanto ao olhar e ao sorriso dos outros, porque, assim como o mar, estimo qualquer chão onde possa repousar.

 

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Um desafio da Ana D., nos desafios da abelha.

 

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