Submundo
— Eterniza-me na pele!
Acocorada, com as mãos transpiradas, apertava os joelhos contra o peito.
Doía-lhe a alma.
Aquele som frenético da agulha carregada de tinta preta, propagava a tranquilidade de que carecia.
Nómada, naquele mundo subterrâneo, a sua pele era arte que se misturava com as cores sujas do betão.
Era uma cliente habitual, por cada vez que incorria na imoralidade castigava a pele. A dor era a sua salvação.
Roubou, enganou, matou e… vendeu-se, apenas porque tinha de se fazer durar.
Não tinha nada, não mais que sua história tatuada no corpo.
— Por favor, eterniza-me na pele!
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