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Tem juízo, Joana!

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

06
Abr20

Sentir em tons vermelho


tons vermelho.jpeg

Se na irreflexão sou em bruto, na reflexão me sinto.

Sentir, um verbo tão íntimo… Invisível aos olhos dos outros, de um secretismo tão pessoal.

“Quem não sente, não é filho de boa gente”, eu diria que quem não sente, não é filho de coisa nenhuma, pois não existe. Todos sentimos, de uma forma ou de outra, todos sentimos. Somos indefesos a essa acção.

Quando me volto para dentro, sou um poço de sentimentos, cheios de formas, cheiros, memórias, texturas. Tenho ossos, mas também sou feita de carne.

Eu sinto em vermelho. Se fosse uma cor, seria vermelho.

Sinto paixão e amor em quase todos os recantos e encantos da vida, cheia de purpurinas. O desejo, a sexualidade, esta energia quente e aveludada são um todo das partes que me constituem. Um fogo interior que me dá a força de um leão a agir a quente, pura e simplesmente, por emoção. Vivo emoção.

Vivo em vermelho esta empatia pela vida e pelo o amor. Acreditando que, no amor, vive a abundância, a generosidade, com cheiro a doce acabado de fazer.

Na reflexão, sou uma apaixonada, de uma coragem e força eufóricas. Mas também sou perigo, ambição e intolerância. Chapinho em poças ensanguentadas da consciência, pelos pensamentos violentos. Mete medo conhecerem-me os pontos fracos e ficar vulnerável. Perigo! A vulnerabilidade reencaminha esforços à agressividade e ao pecado. O vermelho, por vezes, também é inferno. As forças encarnadas que nos guiam ao poder, por meio da ambição, de cabeça erguida, confiante e drogada de estímulos, também destroem e passam a atormentar todo o outro lado enamorado, amedrontando-o e descredibilizando-o. O lado que tem forma de corações e sabor a mel. O lado terno, meigo, onde o perdão não tem preço e é afagado numa manta felpuda, da cor do amor.

É cansativo. Esta excitação constante, o pesar de ambos os lados encarnados do ser, o auto-recriminar. É cansativo gerir todos os sentimentos que co-existem num mesmo corpo, numa mesma alma.

Na reflexão, torna-se confuso. Este misto de vermelho-amor, vermelho-guerra. E mete medo.

Mete medo ser inteiro, ser por amor.

Imagem por: Catarina Alves - Freezememories_

 

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