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Tem juízo, Joana!

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

23
Mai20

Pegadas de um amor desobrigado


pegadas de um amor desobrigado.jpeg

Pequenino, de 1 metro, pele aveludada, branca da cor da cal. Cabelo escuro, forte e cheio de remoinhos. De olhos grandes escuros também, com um sorriso, já composto de dentes, que me transborda de felicidade. Uma felicidade que não consigo medir. Ele é sangue do meu sangue, não é meu filho, mas sinto-o como se fosse todo parte de mim. É um amor que não cabe no peito.

Floco de neve, floquinho, bigodes, esquilinho, são as várias alcunhas carinhosamente baptizadas por mim, sua tia.

Aquela construção de frases atropelada, meio à sopinha de massa, que me faz cócegas no coração. A aprendizagem rápida, esponjosa, numa cabeça que ainda me cabe na palma da mão. É o meu pequeno grande amor. E assim com esta forma, é mesmo o meu primeiro amor!

O riso desmontado, gargalhadas castiças com maluqueiras sem nexo. As graças com intenção de me fazer rir. Só porque na sua inocência ele sabe que me quer feliz ao pé dele.

Na hora da despedida, outrora chorava e deixava-me o coração esmigalhado, chegava ao carro e chorava também até casa. Hoje, é um homenzinho, de 1 metro, que apesar de ficar triste, compreende o sabor do tempo. No meu íntimo, eu sei que se faz de crescido para não me ver triste, acho até que já é capaz de se saber proteger do que não quer sentir. Essa capacidade faz-me chorar o coração. Está a crescer e eu não quero!

Com os seus pequenos pezinhos, já deixa grandes marcas em mim, andando em cima dos meus pés, como quando aprendemos a dançar.

Ele já tem preferências. E eu, orgulhosamente, faço parte delas. Quero também deixar as minhas pegadas nas suas memórias, memórias boas, daquelas que só nos saberemos, a espelharem cumplicidade. 

Amo-o e sei que ele me ama. E não há sensação melhor no mundo que esta. Saber que um ser desprovido de segundas intenções, guiado pelos sentidos primários, que não sabe julgar, apesar de saber distinguir o certo do errado, escolhe amar-me de livre e espontânea vontade. Sem obrigações.

Sinto uma pressa de o amar de volta, uma ansiedade para não perder este tempo, que não volta atrás. Este tempo em que ele ainda me escolhe amar sem pré-requisitos.

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