O Avô Alberto
Não gosto de falar na morte,
nem penso muito nela.
Porque os vivos tem a sorte
De ter a vida numa paralela.
Vivemos das recordações,
Amor, paz e saudade.
Temos os mortos nos corações,
E os restos mortais na dignidade.
Em campas ou jazigos,
Lugares por esse planeta.
Estão parentes e amigos,
Mas o avó Alberto ficou na gaveta.
Coitado do avó Alberto,
De quem a família pagou hipotecas
Para ficar guardado decerto
Como quem guarda as cuecas.
Mas recordamos com amor,
Os nossos entrequeridos.
Até na morte, com primor
Guardamos os ossos repartidos.