Na irreflexão
Uma doença que se chama “a espontaneidade de não pensar”, impulsividade, aquela arte da precipitação, uma força do além que me atira pelos caminhos do instinto.
É instinto, nada mais.
Pelos caminhos do ser, vou tomando conta da impulsividade como representação de todos os ossos do meu corpo. Faz parte de mim. Agir sem reflectir, sou eu. Essa acção sou eu. Falar sem pensar, sou eu. As palavras, sou eu. No mais profundo de mim. Sem filtros, iluminado ou obscuro, sou eu na minha forma mais subconsciente de ser.
É ser transparente aos olhos dos outros. É abrir a porta ao meu íntimo, para que todos me possam ver nua. Porque o subconsciente normalmente é escuro e mete medo, ninguém quer mostrar.
De temperamento arrebatado, porque não conhecem, não compreendem esses caminhos. Franzo o sobreolho, digo asneiras, como se um fogo me invadisse a alma. Os caminhos da procura do equilíbrio na instabilidade da natureza do ser.
Esta arte de que falo, é tão cristalina, tão própria. Esta arte não tem medo. É o que é. Na sua mais crua forma de ser. Sim, crua!
É ser em bruto.
Porém, pode ser velhaca. As arestas são limadas pela consciência, pela alma. Para não ferir. Não deixo de ser em bruto com cantos arredondados.
Imagem por: Catarina Alves - Freeze Memories