Girassol
A minha mãe é um girassol. Não apenas pela beleza que carrega sem esforço, nem pelos brilhos dourados da sua alma selvagem – mas pela força silenciosa com que se vira sempre para a luz, mesmo nos dias mais sombrios.
A minha mãe tem super poderes. Multiplica o tempo como quem dobra lençóis ao vento, sabe de cor a temperatura do meu corpo, é capaz de decifrar a linguagem que falo e tem um colo que cura, acalma e protege de qualquer temporal. Uma presença inteira, tão inteira que faz encolher sombras, soprar medos e iluminar caminhos cobertos de flores no infinito do meu olhar.
A minha mãe é sábia. Sabe tudo o que eu quero, exatamente como sabe a quantidade de roupa que tenho para lavar. Os olhos dela veem medos não ditos, dores escondidas, alegrias tímidas. E ela tem o super poder de pôr isso tudo no colo, acolher, como se o peito fosse feito de infinito.
A minha mãe podia ser um lírio, cravo ou uma papoila selvagem. Mas ela escolheu ser um girassol. Firme, por muito que o vento sopre. Aberto, por muita noite que a tente assombrar. Ela gira, resiste e sorri.
A minha mãe é um girassol, escolheu ser a mais guerreira das flores, para me ensinar que o sol não está só lá fora, mas que também existe um sol cá dentro.