ANOMALIA
Ficar onde não pertencemos,
Entulhar coisas e gente em nós
Ao mesmo tempo que nos sentimos sós.
Desaprendendo a voar, com tamanha opressão,
É viver com a pele, mas sem o coração.
Forrado, na camuflagem, sigo
Sei o que sou, aqui debaixo
O que os outros veem é só mais um rosto
Que se alinhou ao mesmo eixo
Não existe pausa no ser em sociedade
Não existe pausa para a realidade
A vida corre rua acima
Exalamos, em bafos crus, a verdade.
Não pertenço aqui,
Neste canil de imitações
Obrigados ao mesmo uniforme
Escondemos pensamentos e reprimimos emoções.
Legam este sentimento de inclusão,
Dão-nos circo, flores, água e pão.
Mas, se a nossa verdade entrar em dicotomia,
A sociedade expurga-nos como se fôssemos epidemia.