A noite tem a cor que eu gosto
A noite tem a cor que eu gosto, tem fantasmas do meu tamanho. Tem medos que adormecem e me deixam dormir também, pelo conforto das estrelas e os mistérios da profundidade de um céu escuro.
A noite tem a cor que gosto, tem disfarces à altura da astúcia do meu coração.
Venham fantasmas, venham homens! A noite tem a cor que eu gosto, escurece-me, abafa-me, oculta-me a visão. O que não vejo, não enxergo e o que não sinto, não faz oposição.
Na noite caminho cega, mas imensa. Carregada dos desejos mais obscuros, os que, até a mim, metem medo. Num breu de aflição, as sinapses não cessam, mil e uma névoas se erguem do subconsciente, para fazer frente ao propósito da minha existência.
A noite tem a cor que eu gosto, agora adormecida, num silêncio neurológico, o corpo esvai-se pelos lençóis, com a delicadeza que é a união destas duas pálpebras, onde os sonhos embaciam a alma e os medos se tornam meramente teóricos.
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👉🏻 Um desafio de escrita lançado pelo Carlos Palmito, inspirado na frase genial e mística da fantástica ROMI!
👉🏻Este texto está também publicado no blog da@valletibooks - reflexões nº10 (06/03/2022)
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