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Tem juízo, Joana!

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

10
Jun22

Incerteza


Pus-me a pensar no que se traduziria a maior causa de ansiedade de todo e qualquer comum mortal, e cheguei à conclusão que é, com certeza, a incerteza. O que será pedirmos um prato cheio e comê-lo às cegas? O que será termos de dar um passo num chão movediço?

A incerteza é este frio na barriga quando ansiamos por bons resultados, quando colocamos muita expectativa no futuro. A incerteza é cruel, mas é a que nos faz desfrutar mais do presente, porque o presente, sim, esse é certo.

Difícil isto de sermos agarrados ao futuro, na ansiedade de que tudo corra como planeámos, com pensamentos a mil kilometros-hora que nos colocam uns tempos mais à frente, impedindo-nos de apreciar o aqui e o agora.

Vivemos neste dissabor de querermos que as incertezas se tornem certezas, quando tudo o que é certo… menosprezamos.

Seremos merecedores de um futuro, quando não sabemos viver o presente? É que a vida passa e o futuro, rapidamente, se torna presente e as incertezas, certezas. De que nos vale? Se continuamos a tratar mal o presente com medo das incertezas paridas no futuro?

A incerteza é uma dádiva para o crescimento, para a reflexão, para nos desafiarmos. A incerteza surge para nos deleitarmos com o que é certo, exato e só o é… no agora.

No entanto, preferimos prosseguir assim, entre agoras e depois, entre rodadas de ansiedade e de incertezas, até à última rodada… onde já não há mais futuro por viver e a única certeza foi a morte.

👉🏻publicado também no blog da @Valletibooks- reflexões nº17 (24/04/2022)

29
Mai22

Podes ir…


Não te toco, não te penso, para que não te distraias no caminho. Choro-te baixinho, tão baixinho, que nem te incomodo. Ninguém me ouve falar de ti, só para não olhares para trás.
E, de cada vez que a lembrança te pousa, eu fujo. Tenho de ter a certeza que lá chegarás.

Desapegar-te, não é fácil, quando o teu coração amava demais.
Encubro o meu suplício, porque te estimo a paz.

Pesam-me as tuas memórias, já de tão embebidas em lágrimas que correm por ti. Mas não posso desbotar-te, para que não percas a nitidez.

Deixa-me ser generosa no quanto te amo, mas acende-me a aquietação de não mais te poder sentir.
Renuncia-me a misericórdia e ostenta-me com o teu sorriso uma última vez.

Desenraizar-te de mim, não quero. Então, visito-te tantas vezes nos meus retalhos, que chega a devolver-te solidez na transparência onde vives agora.
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📸 pexels.com - Rodolfo Clix

19
Mai22

A noite tem a cor que eu gosto


A noite tem a cor que eu gosto, tem fantasmas do meu tamanho. Tem medos que adormecem e me deixam dormir também, pelo conforto das estrelas e os mistérios da profundidade de um céu escuro.

A noite tem a cor que gosto, tem disfarces à altura da astúcia do meu coração.
Venham fantasmas, venham homens! A noite tem a cor que eu gosto, escurece-me, abafa-me, oculta-me a visão. O que não vejo, não enxergo e o que não sinto, não faz oposição.

Na noite caminho cega, mas imensa. Carregada dos desejos mais obscuros, os que, até a mim, metem medo. Num breu de aflição, as sinapses não cessam, mil e uma névoas se erguem do subconsciente, para fazer frente ao propósito da minha existência.

A noite tem a cor que eu gosto, agora adormecida, num silêncio neurológico, o corpo esvai-se pelos lençóis, com a delicadeza que é a união destas duas pálpebras, onde os sonhos embaciam a alma e os medos se tornam meramente teóricos.

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👉🏻 Um desafio de escrita lançado pelo Carlos Palmito, inspirado na frase genial e mística da fantástica ROMI
👉🏻Este texto está também publicado no blog da@valletibooks - reflexões nº10 (06/03/2022)
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#escritacriativa #noite #inspiracao #textospoeticos #escritorasportuguesas #serescritor

15
Mai22

Validade aleatória


Saborear o tempo é um luxo. Ser livre em tempo, de tempo em tempo, é afortunar o bizarro prazo que a vida tem. Sabemos lá quando expiramos… e, mesmo assim, corremos contra o tempo, como se fosse tangível de se atracar. Numa frenética cinesia, aceleramos o pulsar interno até ficarmos ofegantes. Ocupamo-nos de quotidiano, engordamos de hábitos e consagramo-nos num ofício por bom dinheiro, mas onde o tempo se tornou uma pechincha. Ainda assim, não fugimos ao tradicional, é convidativo. Os bens tornaram-se sedutores, a abundância fez-se guarida, mesmo na escassez consciente de apreciar o que é viver, na carência de tempo em qualidade para gozar o que é ser.

Desgastamos o corpo, sugamos atrapalhadamente os segundos dos ponteiros traiçoeiros, sem dar conta de que são o único e mais valioso património que poderíamos ter. E, seguimos, porque é assim que nos ensinaram a existir, neste estado de insuficiência “temporo-corporal”, por excesso de estímulo externo e pouco interno.

Recordem-se que somos de uma validade aleatória, incerta, de chãos movediços, tão vulnerável pela insanidade de ignorar o seu fim.

 

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Poderão encontrar este texto em: Blog - Valletibooks

28
Mar22

Dá-me luz!


Guia-me por entre o emaranhado confuso das linhas sobrepostas e entrepostas da vida. Indica-me o caminho, o mais certo. Se não o mais certo, o mais adequado à minha essência.

Diz-me o propósito. Só um, basta-me um! E, prometo tentar-me alinhar com ele. Prometo, seja o que me propuseres, o meu empenho e dedicação. Mas, dá-me um sinal!

Preciso de um salva-vidas, para me manter à tona. Preciso de voltar a respirar oxigénio, daquele puro, capaz de intoxicar os pulmões mais sujos, por partículas cristalinas da dignidade. Sê a minha lufada de ar, resgata-me para a clarividência.

Dá-me luz, quente o suficiente para a alma. Desobstrui-me a mente e faz, das minhas sinapses, um bonito fogo de artifício. Faz-me dessa arte e asseguro que serei portadora de luz para o mundo. Com a honra ao peito, propagarei esse lampejo pelas várias multidões, como um clarão fugaz.

 

Texto publicado no blog da Valletibooks

Reflexões nº9 dia 27/02/2022

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Recitação na página de instagram @temjuizo_joana

 

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