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Tem juízo, Joana!

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

05
Abr21

São várias as personagens que moram em mim


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Sou uma quantidade infinita de seres. Joanas do meu pequeno vasto mundo.
Faço-me acompanhar de todas, mesmo quando algumas decidem tirar uma sesta.
Na maior parte do tempo, gosto de ser a Joana extravagante, a de riso fácil. Com uns dentes enormes que ocupam toda a face. A que vive no mundo cor de rosa, cheio de optimismo e boa disposição. A que faz piada de tudo, a que dança ao som de qualquer música. A que consegue amar todos os seres da terra, de um amor que vai para lá das barreiras do julgamento.
Existe a Joana solitária, que gosta do silêncio. Que reflecte profundamente e brinca com as palavras num jogo de escrita. A joana que, no seu recanto, dá injecções de criatividade em todas as formas que sabe ser. Esta é mais sossegada e sensata, apesar de ter um turbilhão de pensamentos a passar-lhe a alma.
A joana obstinada, a que tem de fazer tudo a tempo e horas. A que se acha fortíssima e invencível pelo cansaço. Cheia de agendas e post-its, enérgica, não descansa até ter tudo terminado. Ela não gosta de se deitar cedo e tem dificuldade em adormecer.
Para contrabalançar, lá acorda a Joana sombria, a que vive no escuro com frio. A que acha o mundo triste e sem sentido. A Joana que vive com um saquinho de lágrimas escondido debaixo da cama, para ninguém ver. Joana, birrenta, que não quer amar, nem receber amor. Que critica todas as obras de arte feitas pela sua mão, que não reconhece valor algum.
Descobri uma Joana ansiosa também, com o cérebro a mil, faz trinta por uma linha para que tudo o que lhe passe pela cabeça sejam pensamentos aflitivos e angustiantes. Dos que fazem tremer as pernas e fazer o mundo desmoronar.
Logo vem a Joana que acha tudo possível. Esta, vive de sonhos, sonhos onde a sociedade tem uma estrutura diferente e o tempo não existe. Uma joana cheia de oportunidades, de afazeres por concretizar. Quer experimentar tudo, vivenciar o mundo, ser tudo, sem deixar nada a perder.
Quem sou eu? Sou um conjunto de todas estas Joanas e mais algumas. Conheço melhor umas que outras, mas trato-as todas por “tu” para que saibam do à-vontade que tenho junto delas. Aceito-as como partes de mim, partes que crescem comigo, que fazem parte da minha história, da história deste corpo.
Quem sou? Sou um dissabor de Joanas. Sou livre de não me limitar às Joanas que tenciono conhecer nesta fracção de vida. Porque, neste corpo, há sempre lugar para mais uma que me surpreenda e que me cabe a mim cuidar.
E tu? Conheces todas as personagens que habitam em ti?

24
Ago20

Ode ao vinho tinto


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Tinto, tinto, meu encarnado

Escorregas sempre bem.

Boa uva, boa casta

E o branco vai também.

 

Dás-me calor ao corpo

Cor às bochechas,

Muito riso no rosto,

Sensível e lamechas.

 

Sou tua amante,

Por me afagares as memórias.

Desde que haja bom vinho,

Haverão sempre boas histórias.

 

Inspiras-me bastante,

Também me deixas a boca seca.

E não menos importante,

Proporcionas-me uma boa soneca.

21
Ago20

A história de um lago


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Era uma vez um lago que servia de casa a alguns animais.

Uma casa grande com uma ponte, fetos, pedras e nenúfares.

No lago viviam rãs, que treinavam as suas vozes durante a noite, dando música a quem os queria ouvir.

No lago viviam também lagostins, já viveram peixes, se bem que agora não tenho visto nenhuns...

A minha mãe criou a D. Ilda em casa, uma tartaruga cheia de requintes, pança cheia e sempre com os melhores tratos. Quando ela atingiu a idade adulta, deu-lhe o lago, como o maior presente que qualquer tartaruga gostaria de ter.

Facilmente a D. Ilda se adaptou ao novo lar. Adora esconder-se debaixo dos nenúfares e parece-me fazer amigos e inimigos também. Portanto, dá-se bem na sua nova casa.

Vim ver a D. Ilda, enquanto estava de férias.

A D. Ilda tem estado a ser bem alimentada! Diariamente, com grandes doses de granulado, como se fazem aos cães. Já a vi escondida perto da ponte mas, ela fugiu para debaixo da planta flutuadora, onde ela gosta de estar! Entretanto, já comeu mais um lagostim... mas, as rãs também podem ser as culpadas do desaparecimento dos pobres coitados. Não sei se elas gostam de lagostim para o jantar, mas a D. Ilda parece gostar!

Era uma vez um lago, onde agora vive a D. Ilda.

07
Ago20

O Avô Alberto


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Não gosto de falar na morte,
nem penso muito nela.
Porque os vivos tem a sorte
De ter a vida numa paralela.

Vivemos das recordações,
Amor, paz e saudade.
Temos os mortos nos corações,
E os restos mortais na dignidade.

Em campas ou jazigos,
Lugares por esse planeta.
Estão parentes e amigos,
Mas o avó Alberto ficou na gaveta.

Coitado do avó Alberto,
De quem a família pagou hipotecas
Para ficar guardado decerto
Como quem guarda as cuecas.

Mas recordamos com amor,
Os nossos entrequeridos.
Até na morte, com primor
Guardamos os ossos repartidos.

16
Jul20

Novas modas - COVID-19


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Se dantes entre corredores, saídas e telefonemas, se falava sobre a meteorologia, hoje em dia a conversa é outra.

Já ninguém quer saber da meteorologia quando há um bicho à solta lá fora a infernizar-nos a vida.

- A meteorologia foi substituída pela típica pergunta: “estás em lay-off?”. Total, parcial, nunca eu pensei ouvir tanto esta palavra (bom claro, a seguir a “Covid”, essa ficou para top dos tops deste ano). “Estás de lay-off?”, (existem estas duas vertentes - estar EM ou estar DE ...) mas, que na cabeça de quem pergunta significa “então, por aqui? Estás de férias?”.
Achava eu que o lay-off era alguma coisa relacionada com um design qualquer da malta da tecnologia, algo assim. Ainda cheguei a dizer lay-out, notem a minha ignorância. Hoje, percebo mais de lay-off do que da factura detalhada da luz cá de casa.

- A típica frase, antes de sair de casa “traz as chaves”, foi também ultrapassada pela “traz a máscara”. Noutros tempos, se ouvíssemos alguém dizer isto era porque estávamos no carnaval. O que é certo é que 2020 se tem demonstrado mesmo carnavalesco. A covid continua a desfilar pelas praças, enquanto esfrega o rabo nas nossas caras (desculpem, nas nossas máscaras) e nós arregalamos-lhe os olhos de medo. Ainda assim, corroboramos com isto cada vez que gastamos € a comprar uma máscara “linda” com um padrão “top”. Aí é que a covid fica boquiaberto. Ela a querer fazer-nos sofrer, mas nós, damos um beijinho no ombro, fazemos da máscara ambientador no retrovisor do carro e seguimos belas, com a nossa máscara padrão de leopardo às bolinhas vermelhas.

Novas modas!

- O sorriso substituído por um pedaço de pano/papel/tnt/filtro à frente do nariz e boca. E... deste custa-me falar. Adoro sorrisos, risos altos, línguas de fora... e só ver olhos dá-me arrepios. Fico nervosa quando quero fazer uma piada com a máscara - ninguém me vai entender, ninguém vai ver o meu sorriso. Ou melhor, ninguém me vai ouvir!! Ui, passamos todos a falar com mais 4 ou 5 decibéis a cima. Ora, se retirar-mos a leitura labial, com mais 2 (às vezes 3) camadas de tecido à frente da boca, quem nos vai ouvir? Parecemos doentes apáticos, sem expressão, de cada vez que vamos às compras, de cada vez que entramos num café... enfim, meio Zombies cambaleantes doentes.

- Os cumprimentos passaram da boca-bochecha a cotovelo-cotovelo. E não é que agora toda a gente põe os cotovelos em todo o lado? Pancadinha de cotovelo para cumprimentar o amigo, cotovelo para acender a luz, cotovelo para carregar no botão do elevador, cotovelo para empurrar a porta. Ao final do dia, temos os cotovelos cobertos de Covid e nunca ninguém nos ensinou como se ensaboa muito muito bem os cotovelos (técnica válida apenas para as mãos?).

- Se alguém tosse ou espirra “Olha aí a Covid!” Então e o “saúde? Santinho?” Ficaram onde? (E um à parte, também espirramos e tossimos para o cotovelo - coitado - o perigo passou das mãos para a articulação acima.)

Ja não basta nas notícias não se falar de outra coisa, a amedrontar-nos, para agora, cada vez que soltamos ar forçado pela boca, nos tenham de relembrar que podemos ter covid? Já não há a gentileza de trazer um lencinho e dizer “Saúde, minha rica filha!”

- Somos 11. Não, não somos 11. Não podemos ser 11. E reunir assim 11 amigos é tão fácil e faz-nos tão bem. Somos 10, 10 já dá? Levaram-nos os ajuntamentos de amor, da amizade, da galhofa. Receamos até o familiar mais próximo, quando só lhe queríamos dar um abraço e um beijo bem asséptico. E a vida é curta, ainda mais curta se torna quando a vida só dura até as 20h, com o devido distanciamento social dos que nos fazem rir, dos que nos aquecem o coração.


A covid realmente levou-nos muita coisa... Coisas que secalhar nem dávamos a devida importância. Agora, por muito que tudo nos custe, temos de nos aguentar!

Mas atenção, o bicho anda aí, tomem todas as precauções. Isto foram apenas os desabafos de alguém que quer voltar a Viver com V grande.

E vocês? Que modas novas identificam?

 

Imagem por: Catarina Alves - Freezememories_

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