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Tem juízo, Joana!

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

14
Fev25

E se a primeira palavra foi Amor?


— Sabes lá o que dizes, Marcelo! És um romântico doentio…

— Ah! Então achas que foi o quê?

— “Eu”

— Ah! Ah! Ah! Eles nem espelho tinham! Por favor, Zé, ao menos pensa antes de falar!

— De certeza que antes de dizerem “amor”, tiveram de saber dizer “eu”!

— Hum… mas o amor une todas as coisas! E de certeza que eles o faziam e por isso pronunciavam a palavra.

— Oh Marcelo, valha-me Deus! Mas tu és um eterno romântico! Antes disso eles tinham de dizer coisas básicas, como “água”, “sol”, “terra”, sei lá… e talvez em grunhidos!

— Mas, afinal, queres o primeiro grunhido, ou a primeira palavra?

— Oh… se formos por aí, também quero o idioma. Só te pedi para pensares sobre isso.

— E eu pensei!

— Claro, levas tudo para a cueca!

— Olha Zé, retrocede até seres macaco e vai-te catar!

— Zé, já sei! A primeira palavra que disseram foi… tummm tummm tummm, rufem os tambores, “olá”!

— Hum… finalmente, algo que não seja descabido.

— Ou, adeus? Obrigado? Bom dia? Cuidado? Comer?

— Pronto Marcelo, já estás a ser descabido outra vez. Bom dia? Achas que o ser humano aprende a dizer a sua primeira palavra e é bom dia? Ou é bom ou é dia!

— Ah… Tens razão! Assim sendo, amor não é descabido.

— É.

— Não é.

— Claro que é! Olha eu voto no “psst”.

— Pronto, queres palavra, grunhido ou onomatopeias? Estou confuso.

— Marcelo, mas tu consegues raciocinar um bocadinho comigo, ao invés de me estares sempre a atacar só para pareceres mais inteligente com essas palavras caras? Tens muita mania de fazer isso!

— E tu de implicares com tudo o que digo.

— Para além de romântico, estás muito sensível!

— Zé, sabes o que acho piada? É que quando me pedes opinião e eu dou, mas se não vai de encontro ao que esperavas, criticas! E sempre que eu mostro algum tipo de vulnerabilidade perante as tuas críticas, tu tens o hábito de me chamar “sensível”. Enfim, decide-te. Porque parece-me que precisas refletir sobre isto… e já desde a infância.

— Para quem perguntou pela primeira palavra do ser humano, já está a utilizar muitas palavras… sempre tiveste esse dom. Já os pais diziam… “ OMarcelo é o menino da palavra”, mas para birras, não havia quem…

— Cá vem ele de novo…. Epa! Ok! Eu já disse que voto no “olá” ou no “amor”.

— Pois eu acho que teve algo a ver com comida. Ou um chamamento, para virem comer.

— Porque éramos mais primitivos e tínhamos de comer… as necessidades eram essas. Ok, pode ser… mas eu mantenho os meus votos!

— Ah, continuas a dar-lhe no “amor”?

— Sim, fazer amor também era uma necessidade, do prazer.

— Sim, mas bastavam gestos ou mesmo só… fazer!

— Portanto tu achas que a primeira palavra foi relacionada com comida ou chamamento, por causa de comida. E quem me diz a mim que eles não quereriam chamar pelas almas gémeas?

— Lá vem o poeta…

— Zé, ouve, mas tu achas que eles não sentiam amor? Tiveram de dar um nome ao que sentiam. Como achas que nasceu a palavra no dicionário?

— ‘Tá bem. Daí a ter sido a primeira palavra a ser pronunciada… bom, duvido!

— Da mesma maneira que sentiam fome, sentiam amor…

— Mas a fome aperta, Marcelo. O amor… bom, o amor aprende-se.

— Talvez. Ou talvez o amor sempre tenha estado lá, antes mesmo de qualquer palavra. Apenas à espera de um nome.

— Ou à espera de ser sentido.

— E se a primeira palavra não foi dita, mas sentida?

— Nesse caso, Marcelo, ainda estamos a aprendê-la.

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