Não sabemos nada sobre empatia
É fácil andar no nosso pé, nos pés dos outros não sabemos andar. É como ver um mundo tão tão longe que as pessoas viram formigas, é tentar focar algo quando se é míope, é como calçar uns sapatos de salto agulha e caminhar pela calçada portuguesa.
O que sabemos nós sobre a empatia? Nada.
Sabemos vestir a nossa pele, não sabemos o que é ser-se debaixo das peles dos outros, não sabemos a que cheira, ao que sabe, nem o que se sente.
Vislumbramos um filme tal qual as palavras e a imaginação que vamos absorvendo, mas não experenciamos as dores de vestir outra personagem.
Não sabemos o que é empatia.
Somos demasiado egoístas, egocêntricos, para sentir, de facto, o outro. Sabemos pouco desta arte de dançar nos sapatos alheios, ao ritmo das suas dores e alegrias. Somos daltónicos quando se trata de observar através dos tons da compaixão e pintar num retrato da humanidade os gestos de amor e aceitação.
Somos pequenos, debaixo de tamanha indiferença. Somos tacanhos, de portas fechadas à conexão humana. Somos de plástico, não sabemos mergulhar nas profundezas das emoções do outro.
Somos cegos, quando tentamos enxergar dentro da névoa incerta da empatia.
Nada.
Nada.
Não sabemos nada.
Estamos perto, mas não dentro. Estamos juntos, mas não agregados. Estamos esponjosos, mas dormentes.
O que sabemos sobre empatia, afinal?
Coisa nenhuma.
É uma compreensão disfarçada, uma aceitação que vem oca. Contudo, é em cada gesto de gentileza e compaixão que nos aproximamos do ser e do ser humano.