• acreditas em magia? •
Desde há séculos que o sexo é visto da perspectiva masculina, subestimando as ínfimas terminações nervosas do nosso clítoris. Até a pornografia surge para satisfazer os homens e as suas fantasias sexuais.
A nós mulheres, o que nos atribuíram como desejos? Umas lambidelas ali, uns dedos acolá e o resto é… a contrafacção de gritos e movimentos corriqueiros de penetração copiados dos filmes de bolinha vermelha.
Tal como no Lego, somos a peça que se deixa introduzir, seremos sempre as subordinadas, as que se ajustam para servir a grande figura que se ergue desmedidamente para se satisfazer.
E o clítoris onde ficou? Não tem a mesma representação, nem em tamanho, nem em autoridade. Não apresenta fenómenos categóricos à vista desarmada, não tem demonstrações relevantes. Deixou-se ficar esquecido, por entre guinchos dissimulados e prazeres alheios.
O quão serventes somos no sexo, que nos obrigam a uma depravação postiça, esquecendo-nos que a própria identidade feminina é capaz de segregar sensualidade de forma tão natural como existir.
Se temos dificuldade em atingir o orgasmo, deve-se a tudo isto. À pornografia conspurcada desenhada para os machos, à visão pobre que o homem tem da anatomia dos clitoris que por aí andam e, não menos abrupto, sujeitarmo-nos a isto sem questionarmos, sem nos fazermos ouvir.
Acredito que fomos talhadas assim, com clítoris altamente artilhados de receptores nervosos, para, longe das simulações, sermos o sexo frutífero, onde o apogeu toma proporções que nem os ejaculadores conhecem.
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🌻 Feliz dia dos clítoris, feliz dia da mulher