La vai ela…
Lá vai ela ao vento a pairar sobre lufadas de ar. Da cor de terra seca, aquela folha desprendeu-se do galho descendente do monumental e antigo Carvalho da Avenida. Não é simétrica e perdeu o aveludado, tornando-se estaladiça em virtude do pouco alimento. Desidratou, morreu e soltou-se ao vento. Está frio e uma aragem gélida, mas suave, que a vai empurrando para adiante, quando mais intensa, também a faz rodopiar, exibindo os seus contornos irregulares, com estreitos cortes quase até à nervura. Gira em torno do seu pedúnculo, numa dança com o vento, até se deixar cair silenciosamente na calçada.
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Um desafio proposto por Carlos Palmito: "sou uma folha ao vento, vejam como plano" tenta imaginar a cena e em narrador terceira pessoa descreve tudo o que conseguiste ver.