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Tem juízo, Joana!

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

31
Dez22

A carta para a Joana de 2022


2022 saiu-te da medula óssea. Foste forte, brava, valente! Implicaria ter um mar de folhas se eu te quisesse contar tudo. De certeza que, hoje, já sabes. Então deixa-me renovar os votos contigo, Joana!

E começarei assim:

Sabedoria. Saber-dor-ia. Um saber que nasce na dor. Sábios os que deixam a dor entrar e o saber se acresce.

E o teu ano resume-se a isto.

Estou orgulhosa de ti… sei bem o quanto a dor te lacerou as entranhas. Sei bem o quanto choraste, sangraste, o quanto te custou levantar da cama. Também sei quantas são as saudades que tens dela. Não chores, Joana! Ela anda a passear nas estrelas, a cumprir o seu caminho. E sabes que mais? Não coxeia! E as estrelas iluminam-lhe a face franzida, enquanto abrem alas sempre que ela quer passar.

Haverá estrela mais brilhante que ela? Tenho a certeza que não!

Agridoce seria a palavra ideal para definires o ano. Começou tão ácido, tão envinagrado… sentiste o luto, da pior forma. Sentiste o chão fugir debaixo dos pés, quando o céu se preparava para escurecer.

Mas que valente que foste, Joana!

Tentaste ser justa, nobre e compassiva, quando a razão te pediu para guardares rancor. Não sei onde foste buscar tais habilidades, no entanto, reconheço o quanto te ajudaram a suportar a dor. Uma dor que veio como uma bala perdida no espaço, sem pré-aviso. Destruiu-te, é certo, mas não permitiste que isso te derrubasse.

E no meio de tamanho desmoronamento, nas ruínas do teu coração, o universo decidiu que ainda não tinhas sofrido o suficiente. Levou-te a relíquia mais antiga e valiosa da família. Sentiste um frio gélido, que te queimou os ossos em segundos. Num safanão fulminante a vida certificou-se de que lhe conhecias a brevidade.

No meio daquela escuridão, os teus olhos não se habituaram à falta de luz. Foste brava em pedir ajuda! Foste bela no processo a seguir. Fizeste das mágoas o fertilizante que te obrigou a crescer. Mas crescer doeu… amar doeu, respirar doeu, o tempo doeu. Perder doeu e, acredito, que superar também. Hoje, saberás que a dor faz parte.

Saber-dor-ia.

A dor, para além da sabedoria, traz a vulnerabilidade (tão essencial!) para que, também os outros com os seus saberes, nos possam ajudar!

A vida roubou-te o brilho, mas esqueceu-se que tu és a menina dos mil e um corações!

Despertaste-te para lá do negrume da dor. Que bonita é a luz que trazes agora! Colorida.

Este ano seria um espectro de cores, das mais sombrias às mais alegres e vivas. Viva.

Que te sorria 2023!

 

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Um desafio de Ana, a abelha - 52 semanas de de 2022 - uma carta para a pessoa que foste este ano.

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