Superpopulação
Produção: @Valletibooks - Luiz Primati
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Se a memória não me falha, teria todas as memórias duma vida.
Procurar a memória mais antiga dentro de tudo o que é passado,
é pedir ao cérebro para ser um enorme depósito de imagens, sensações, cheiros e emoções.
Recordações que se sobrepõem conforme o peso, tamanho e marcas no percurso.
Á medida que andamos em marcha atrás, fica estranho o discurso.
Cada vez mais baça a memória, acalenta a nitidez apenas
Os momentos que, dalguma forma, mantém a forma em pensamento.
É então que o fluido fresco desce-me a garganta.
Paira no ar a memória do que era a sede. Naquele dia de verão, a sede era o que me afligia,
Pelos gastos excessivos de energia,
Como por magia.
Era água que eu bebia aflitivamente,
de olhos postos na garrafa
E os pés na área quente.
O fresco que senti pelo queixo, peito, barriga e coxas.
Deixei entornar, as habilidades eram frouxas,
A sede abundante.
Numa manhã a construir castelos
Em areia escaldante,
para princesas imaginárias,
com esperança que um dia me torna-se numa.
Oh… aqui não há monarquias e a sede matou-se,
num trago cheio de pressa!
Como se mata tudo o que nasce,
como acaba tudo o que começa.
👉🏻também podes encontrar este texto no blog da @valletibooks - reflexões n° 43 ou até ouvir no podcast da Valletibooks no #spotify
Noite que se pôs cedo, sob uma lua amarelada e cheia. Como ela odeia o horário de inverno, estes dias curtos e escuros, que a deixam mal-humorada. Segue pelas ruas de auscultadores postos a ouvir as músicas que fazem sentir-lhe as raízes. Por ali, a inveterar pelos ouvidos tudo o que ela é, vai andando ao passo que dança. O corpo contrai-se involuntariamente, está-lhe no sangue, não há como contrariar.
Estas cantigas recordam-lhe a infância, as festas de família, amigos e espectáculos de dança com variados grupos de que fazia parte, julga terem sido o cenário de semeadura daqueles ritmos na sua anatomia, entranhados por todos os orifícios.
Naquele passo díspar, num compasso dissonante dos demais que por ela passam, o olhar vai-lhe vazio, porque se olha a dentro e… Sorri, sorri de prazer com o que a faz sentir.
Nunca ouve uma música do início ao fim, quase como superstição, pois do trabalho até casa, ela tem de conseguir ouvir as melodias que lhe fazem vibrar o corpo.
Lá em cima a lua assiste, grande e magistral, a esta manifestação eloquente do que a junção de tambores lhe impõe à sua espécie, numa cadência e vigor como se não houvesse outro dia.
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👉🏻 também o podem encontrar no #blog da @valletibooks REFLEXÕES nº 38 - 18/09/2022
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A minha coluna - intercâmbio - teve a honra da presença da inspiradora Lisa Lynn Ericson (@lisalynnericson ). Uma escritora que vibra os fados portugueses, numa simplicidade cheia de histórias não vividas por ela, mas escritas pelas suas mãos.
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