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Tem juízo, Joana!

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

28
Jul22

Alma longa


Sentada no rochedo,

Contemplo este mar azul claro,

Tão claro que se chega a confundir com o céu.

Tão claro como alguns dos olhos que já se cruzaram comigo.

Sentada neste rochedo,

Reparo que a minha vida nada é

Comparada a esta imensidão de mundo.

O mundo é enorme,

Várias possibilidades

Demasiadas opções para uma vida só.

Será que, por isso, existe a reencarnação?

Se existe, deixem-me viver todas elas.

Quero ser tudo e muito, quero viver demasiado, experienciar o mundo.

Habitar vários corpos, com a minha alma.

Viver através de outros olhos, com esta mesma minha alma.

Sejam eles azuis, verdes ou castanhos.

Deixem-me viver!

Sentada neste rochedo,

Dou-me conta da pequenez

Comparada aos grandes rochedos,

Às grandes questões existenciais.

Teremos nós missões a cumprir?

Por sermos tão curtos, mas de almas longas.

 

👉🏻 Texto publicado no blog da @valletibooks- REFLEXÕES N° 30, aceder através do link: www.valletibooks.com.br/blog

👉🏻poderão também ouvir no podcast da @valletibooks através doSpotify.

24
Jul22

Revista Aorta


A revista Aorta surge como upgrade da sétima edição do Caderno Poético.
Com uma nova imagem, com uma nova cara, mas com o mesmo coração.
Nesta edição entrevistei o Breidy Abreu @breidylaraabreu um poeta venezuelano, que se encontra na eminência de publicar o seu primeiro livro. Vem ler a entrevista e conhecer as dificuldades de ser escritor neste mundo difícil da literatura.

Poderás encontrar outras entrevistas, como a do escritor António Torres @antoniotorres781, entre outros artigos interessantes.
———
👉🏻 acede à revista aqui
OU
👉🏻acede através da página @aorta.revista, tem o link na bio, aproveita e SEGUE A NOSSA PÁGINA para estares a par das novidades!

23
Jul22

O pintor


Retoque na barba, era o último, aquele que fazia a diferença agora que se olhava novamente ao espelho, antes de sair de casa.
Simples, com uma personalidade catedrática, mas amena, vestia-se sempre de preto ou cores sóbrias, apesar de se considerar algo vaidoso. A barba comprida tinha de estar impecavelmente no sítio, penteada, amaciada e cheirosa. Ele não lhe dava descanso, era a sua imagem de marca.
Saiu rumo ao atelier, o seu local sagrado onde guardava e expunha os seus trabalhos. Filho de família pobre, de mãos gastas com rasgos escurecidos pela terra, a mãe era agricultora e o pai lenhador. O irmão seguiu-lhes os passos, ao invés dele que se apaixonou pelas artes. Poeta e pintor, dedicava-se com especial apreço à pintura a óleo e, na poesia, privilegiava a contemporânea.
Era um homem de poucos amigos, não por ser anti-social, não falasse ele que nem um papagaio, mas porque a sua vida foi gatafunhada na tela e escrita em versos.
Passava o tempo adrentado em arte, os dedos sarapintados e as últimas falanges já com calos, ora da caneta, ora do pincel. Por isso, também não procurou o amor noutra pessoa, uma vez que o encontrou nas páginas por escrever e nas telas por pintar. Completava-se assim, em arte.
Não tinha pressa, nem muito menos intenções, de deixar descendência ou a herança de tamanhas conquistas. Acreditava que o seu trabalho deixaria os próprios marcos na história, eternizando pedaços de tinta no branco, mesmo quando o seu corpo se tornasse poeira.

16
Jul22

A casa


Oiço o relógio da cozinha, o som de fundo a passar os segundos, este silêncio está carregado de ti e quase consigo ouvir-te falar. Não quero esquecer a tua voz.

Aqui ainda existe tempo, o dos relógios. Os de pulso até então perduram. Mas tu não. Esta casa vazia respira a ti em cada canto, vives neste som, o dos segundos, mesmo quando o teu tempo já acabou.
Guardas-te as nossas fotografias com intenção de estares na minha presença, hoje, guardo-tas eu, para poder viver a tua memória nelas.
Deixaste-me as nozes e o doce de abóbora que como demoradamente. Não quero que acabem os haveres de ti.
Uso o teu champô, só para poder desfrutar de bocadinhos do cheiro que cá deixaste. Também o economizo.
Eu sei que estás aqui comigo. Mas dói! Dói-me muito a certeza de não te poder ver mais. E meto-a num bolso lá distante, porque prefiro viver no sonho onde tu ainda estás aqui à minha espera. Mas quando meto a mão ao bolso e tiro de lá a certeza… ai Avó! O meu mundo arruina-se, como se fosse a primeira vez.
Levo daqui tudo o que de ti posso levar, encho a minha casa de coisas outrora tuas, a fim de te demorares comigo. Não te quero apagar dos meus dias.
Sinto que ainda existes nesta casa, mesmo já não estando alguns dos teus pertences. O teu cheiro, as coisas do teu modo, o ambiente ainda é o teu, sabes… é como se esta atmosfera te tivesse engolido e vivesses dentro dela, em cada canto, até em cada puxador. E eu? Eu só quero ficar aqui para te sentir mais um pouco no meu dia… para também eu ser engolida e dentro da atmosfera me possa encontrar contigo.
Estas paredes têm a tua força, a tua resiliência… e no recheio ficou o conforto, que sentias nos dias que aqui passavas. Consigo incorporá-lo, quase para te tocar…
Custa-me desapegar deste pedaço de ti, não imaginas o quanto eu gosto de estar aqui contigo. Nesta forma estranha de te sentir e de estar no teu embalo…
————
📸 from pexels.com by NEOSiAM 2021

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