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Tem juízo, Joana!

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

17
Jun22

Quão longe conseguimos ir por amor?


Corre, corre a passo apressado! Luta com a mesma intensidade que te bate o coração no peito! Não deixes que te fuja o amor da tua vida! Mas, não permitas que te percas nessa correria.

No amor, os horizontes são longínquos e cada um mais desalinhado que o outro. As percepções são desconexas, algumas compulsivas, outras coagidas. Julgas que foram as estrelas que te atribuíram a alma gémea e lançaram-na à terra para a tentares encontrar? Podia dizer estrelas, como outra entidade qualquer, seja lá aquilo em que acreditas.

Mas… quão longe consegues ir nesse jogo? Porque, se realmente estamos todos destinados uns aos outros, o “amor da tua vida” passou a ser um jogo.

Falhas no alvo, voltas à casa inicial. Tiras uma carta fora do baralho, andas três casas para trás. E, quando estás mesmo a chegar ao fim, sai-te uma pista com rasteira e perdes o jogo.

Quão sedutor é este desafio, para o estares constantemente a jogar tornando-se na história da tua vida?

O amor é viciante… aquela sensação de desejo, de ser desejado(a), o medo de não  o ser, as borboletas na barriga que, às vezes, parece que andam de patins no estômago (talvez um patim chegue para cada uma delas).

Era bonito afirmar que o mundo se move pelo amor, mas estaria a ser hipócrita. Quem diz isso, mente! E, aqui, ninguém é santo!

No entanto, vais enfrentando este jogo agridoce, arriscado, só para garantir que não acabas só.

Afinal, quanto vale isso? Qual é o valor a pagar para a não-solidão? Todo o valor é pouco. Não conhecendo as entranhas dos corpos celulares à nossa volta, resta-nos a própria companhia, órfã de preço.

Então, quão longe és capaz de ir por amor? O amor vai até onde quiseres que ele vá. Mas se tiveres de ir, vai junto. Não faz sentido ir longe sozinho, quando o objetivo é estar complementado.

Se tens de continuar a correr sozinho para fora dos limites dos teus valores e princípios (tipo corredor de fundo), talvez quanto mais perto te chegas dele, mais longe estás do amor próprio e o teu respeito foi levado na brisa que te passou por ambas as orelhas.

Poderia ter um milhão de respostas a esta pergunta, mas julgo que quanto mais lutamos de forma desvairada, mais nos vamos perdendo pelo caminho, e no fim, acabamos tão sós, que nem sequer perto de nós mesmos estamos.

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👉🏻 texto publicado no blog @valletibooks Reflexões nº 22 (29/05/2022)

👉🏻poderão também ouvir no podcast da @valletibooks através do Spotify.

 

 

12
Jun22

Não pari, mas vive uma criança em mim!


Vive em mim uma criança de olhos vivos, cheios de luz, e uma boca carnuda, ainda sem os dentes todos. Expressa-se através da minha forma de caminhar, do riso incontrolável que faz baloiçar os caracóis rebeldes. Anuncia-se pela capacidade de adaptação e do meu humor infantil. Ela alimenta-se do que me é recreio, criatividade e graça.

Na compreensão, na ingenuidade e na empatia, ela pula, canta e dança.

Vive em mim uma criança que perdoa fácil, de uma benevolência desmesurada, consciente, mas ingénua, que chega a ferir a própria pele. Ferimentos fundos que cicatrizam rapidamente, porque o esquecimento surge com uma facilidade mórbida. Tudo o que são dores, ela atulha-as num baú escondido nos escombros turvos das caves do cérebro, e deixa que ganhem bolor, até nada dessas memórias restar.
Então, anda nestas cambalhotas, cima a baixo, entre a mágoa e o reerguer, de tal maneira hábil, que vira brincadeira nas poças enlameadas da vida.

Sou cheia, tão cheia, dessa criança que fala a linguagem universal do amor. Envolvido pelos ossos do crânio está o seu coração e, mesmo assim, mostra-se vulnerável… Vê mais além do que ditam as regras, procura encontrar a aceitação da essência humana de cada um, às vezes para lá do bom senso. Aceitando, de tal forma natural, que lhe flui, num sangue quase transparente, o abrigo a todos os pecados do mundo.

Não tive nenhum parto, já que ela vive em mim, entre nascimentos, mortes e ressurreições. Que não me morra a criança! Nem a quero parir, para que ela prospere a sua nobreza pelas minhas vísceras adentro e que me regurgite a singeleza desta menina leoa de espírito leve.
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👉🏻 texto publicado no blog @valletibooks Reflexões nº 24 - 12/06/2022

10
Jun22

Incerteza


Pus-me a pensar no que se traduziria a maior causa de ansiedade de todo e qualquer comum mortal, e cheguei à conclusão que é, com certeza, a incerteza. O que será pedirmos um prato cheio e comê-lo às cegas? O que será termos de dar um passo num chão movediço?

A incerteza é este frio na barriga quando ansiamos por bons resultados, quando colocamos muita expectativa no futuro. A incerteza é cruel, mas é a que nos faz desfrutar mais do presente, porque o presente, sim, esse é certo.

Difícil isto de sermos agarrados ao futuro, na ansiedade de que tudo corra como planeámos, com pensamentos a mil kilometros-hora que nos colocam uns tempos mais à frente, impedindo-nos de apreciar o aqui e o agora.

Vivemos neste dissabor de querermos que as incertezas se tornem certezas, quando tudo o que é certo… menosprezamos.

Seremos merecedores de um futuro, quando não sabemos viver o presente? É que a vida passa e o futuro, rapidamente, se torna presente e as incertezas, certezas. De que nos vale? Se continuamos a tratar mal o presente com medo das incertezas paridas no futuro?

A incerteza é uma dádiva para o crescimento, para a reflexão, para nos desafiarmos. A incerteza surge para nos deleitarmos com o que é certo, exato e só o é… no agora.

No entanto, preferimos prosseguir assim, entre agoras e depois, entre rodadas de ansiedade e de incertezas, até à última rodada… onde já não há mais futuro por viver e a única certeza foi a morte.

👉🏻publicado também no blog da @Valletibooks- reflexões nº17 (24/04/2022)

06
Jun22

Receita poética


A lâmina que me corta em duas metades

Deslumbrando-me o verde interior

Arrancam-me o caroço

Restando-me apenas o miolo

 

Sou esmagado numa massa

Acrescentam-me a cebola roxa

E uns picadinhos de alho

A ver se o sabor não abrocha

Espremem um limão ao chocalho

 

Embaralham-me tão bem

Ao ponto de eu já não saber o meu sabor

Ainda se juntam os cominhos

Para me apimentarem a cor

 

Sal, azeite e pimenta

Prazer, eu sou o abacate!

Misturado tudo numa taça

Sou penetrado por mini cenouras

Uma entrada saudável mas sem graça

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👉🏻 Uma receita poética. Conseguem adivinhar qual é? 
👉🏻 Desafio-vos a descrever de forma poética uma receita do vosso gosto!

01
Jun22

Entre os nossos lábios


Ponta do teu nariz na ponta do meu, aquela energia nostálgica que ficou no espaço entre os nossos lábios.

Tu eras a música que inundava o ambiente daquela casa, eras a brisa que vinha das janelas, eras as covinhas que se despertavam na minha bochecha esquerda a cada elogio teu, eras o perfume que pairava naquelas manhãs, eras os risos de boca escancarada.

Entre os nossos lábios ficaram as promessas prometidas um ao outro e um no outro. O amor estacionou ali, entre os nossos lábios, de olhos nos olhos, ficou o bem-querer naquele silêncio que podia ser ofensor, mas era o espaço da esperança. A esperança que desejava que se tocassem novamente.

Fomos rasgando os limites, rompemos com o respeito, com a gentileza e estima, o tempo… foi a nossa foice. Sem darmos conta que ceifávamos, vezes e vezes, a dignidade.

Fomos carentes um do outro, quanto mais garantidos nos sentíamos. Privamos-nos do que era a presença de cada um, para podermos ganhar brilho noutros mundos por explorar.

Hoje, neste espaço entre os nossos lábios, existe uma única certeza: A de nos querermos amar sem espaços. Os espaços que ficam entre as fissuras de tudo o que são falhas, desilusão e descuido.

Ali, entre os nossos lábios, ficou a certeza de que juntos, conhecendo o sabor amargo de nos perdermos, o nosso amor não tem mais espaço, se não para o sucesso.

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Texto recitado no instagram @temjuizo_joana 

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