Sentir assimetricamente
Aqui toda a gente sente que não faz parte, que não integra todos os padrões obrigatoriamente,
Sem um atalho em tom de excepção.
Pelos pingos da chuva seguimos disfarçados de uma normalidade que não existe.
Fizeram coleções de paradigmas em modelos assintomáticos, galgando a concepção do sentir.
Mas,
Aqui toda a gente sente
E toda a gente pressente que existe segundo desigualdades sensoriais,
São as assimetrias que nos tornam especiais.
Como podemos fazer parte
se à parte somos desiguais?
Inventaram o normal,
sem se darem conta que fora dele
se faz arte.
O corriqueiro jamais ostenta
Ou faz brilhar,
São as diferenças no que a gente sente, que se revertem a seres excepcionais.
Estes que, pelos pingos da chuva,
Se ajustam na colectividade
De um normal inventado,
Mas que em mil chuvas se descobre
Que a arte se faz no molhado.
Aqui toda a gente sente
As excepções que intersectam cada ser,
Não se desviem dos pingos!
Deixem-se molhar!
Mostrem as excepções de que são feitos!
Acomodados numa sociedade desarmónica,
Entre o dia e a noite,
A arte passará a ser a essência que se respira.
Aqui toda a gente sente
Que é no sentir que o mundo gira.
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Publicado no Blog - Reflexão nº6 (06/02/2022) da editora @valletibooks
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🎨 Imagem de um pedaço de uma tela de tecido (60x40) pintada por mim em acrílico, de nome - desarrumetria.