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Tem juízo, Joana!

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

27
Out21

O regresso


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Abriram-se as portas automáticas cor azul néon de Átila, a nave onde vivo há 18 anos, desde que nasci, desvendou uma luz brilhante natural, proveniente do sol, que me encandeou de imediato. Só conhecia o sol pela janela do meu quarto e, de lá, parecia uma bola de fogo cor-de-laranja suspensa numa escuridão infinita. Aqui, o sol era uma luminosa luz, impossível de cruzar o olhar e de distinguir os seus contornos.

Quando me consegui habituar à claridade, fascinei-me com a cor da terra, joguei-lhe imediatamente as mãos para a sentir! Num misto de encanto e embaraço, peguei nela e deixei que me invadisse o espaço por debaixo das unhas. Eram flocos arenosos quentes e ásperos que me tingiam as mãos de um castanho sujo, mas que me recheavam a alma e embalsamavam os sonhos, dando forma, textura e rosto às histórias imaginárias da Terra.

Olhei em meu redor e inspirei o ar são,  arrepiaram-me os brônquios. A paisagem diante dos meus olhos era inexplicável, de tão orgânica, de tão pouco sintética à que estava acostumada.

Pairava no ar um cheiro agradável que não sabia do que era, estava habituada aos fracos ambientadores de Átila. Segui o aroma no ar, através dos pinheiros bebés que iam crescendo por ali e acolá, a Terra estava a sarar… Andava às voltas para sentir exactamente qual seria a direção a que me devia dirigir até captar a origem daquela essência agradável.

Toquei-lhes as folhas e que cheiro fresco tinham! Com cuidado, puxei uma, inspirei o seu aroma e pus na boca, deu-me uma enorme vontade de comer todas aquelas folhas verdes com contornos em zigzag. Que frescura! Com os meus ióculos XZ, passei a câmara pelas plantas para lhes saber o nome: Hortelã.

Já tinha ouvido falar na Hortelã, utilizada pelos meus antepassados na Terra, para fazer uma bebida alcoólica chamada mojito. Aliás, a minha mãe contava-me muitas vezes uma história engraçada de uma bebedeira que apanhou com três bebidas dessas.

Os meus pensamentos pairaram na construção imaginária daquele acontecimento com a minha mãe e comecei a sentir uma enorme tristeza. Também queria ter histórias dessas para contar, invejava os mais velhos pelas experiências na mãe-Terra, desejava tudo aquilo para mim.

Angustiei-me por ter perdido 18 anos da minha vida sem poder experienciar tudo aquilo, então, convicta de que também eu me poderia embebedar, enchi a pança com folhas de hortelã. Comi exageradamente todas as folhas que podia avistar. O meu hálito era capaz de congelar uma mosca e o meu estômago ardia de tanto sabor a mentol que me inundava.

Neste episódio que conta o meu primeiro encontro com a Terra, não ganhei uma bebedeira como queria, mas sim uma azia que me durou uns bons tres dias a arrotar a menta e, acredito que por pouco, não me nasceram pezinhos de hortelã na mucuosa do intestino delgado.

#umdesafiodeescritacriativa

Desafiou-me o meu amigo Carlos Palmito - Escritor no blog: All in One

19
Out21

Sede de ser, Mulher


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Não caibo em caixas
Não me reduzo pela metade
Sou inteira
e transbordo meus exageros
Não importa o que pensam de mim
Eu sou assim
E estou muito satisfeita

Também não caibo nas bocas do mundo
Não sirvo para alvo dos teus cortejos
Por vezes, ordinários
Sou muito mais que isso,
Sou muito mais para além daquilo que consegues enxergar.

Tenho meu valor
E tô lutando pelo meu espaço
Não vou regredir
Nem ficar calada
Vou conquistar muitas coisas
E ninguém vai me impedir
Sou feminista
Sou persistente
E ninguém irá me diminuir

Nem no prazer me vou diminuir.
Deixem-me gemer e exteriorizar
Todo o meu sentir.
Nas mentalidades limitadas somos rótulos
Onde tudo o que fazemos
Servirá sempre para nos definir.

 

Em parceria com: Cacá Matos ✒️


13
Out21

Agridoce


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E, como na vida, este sabor reporta-me para a mistura agridoce intrínseca, pois todos nós levamos dentro uma mistura inquietante de bem e de mal, de doce e salgado.

Todos nós conhecemos a felicidade e o amor, mas, por vezes, escolhemos estar tristes e angustiados. Sabemos ser honestos e sinceros, como na mesma frase, lançamos uma mentira e somos hipócritas.

E está tudo bem! Neste universo de bipolaridade cósmica, há que conhecer e experienciar o mau, para saber usufruir do bom. Afinal, o salgado e o doce também existem sozinhos.

Dos meus sabores de eleição, somos essa mistura complexa e inconstante. Do prazer à tortura, somos o que escolhemos ser nos contextos onde estamos inseridos.

Como o agridoce, somos esse mesmo equilíbrio, utilizamos essa sensação de forma inteligente para acrescentar valor culinário a um prato. Transportando essa aglutinação entre o bem e do mal para a nossa jornada e Eu interior, conseguimos, com sabedoria, utilizá-la de forma positiva.

E, reparem como o agridoce se pode comprovar numa das melhores experiências gastronómicas!

Imagem por: @stella_maria_gaspar

 

03
Out21

Pediram-me para falar de Amor


Eu falo de Amor, mas falo de um Amor que não é o amor que se fala por aí.

O que eu acho ser Amor vai mais para além das barreiras egocêntricas de um amor a “pares”. Confundem-no com o amor romântico, o das películas de um romance, mas não é. Este amor, que me pediram para falar, cheira a maresia, é mais do que o desejo entre corpos, é mais do que a atração química de almas, é uma maresia que se inspira e nos invade todas as células do corpo. Eu explico-vos o que é o Amor.

Quem espera amor, amor terá de ser. Para sermos amados, amáveis temos de nos tornar. E ser amável não é procurar o Amor, mas sim encontrá-lo. Onde? Em nós.

Teremos de ser essa maresia altruísta, de um amor universal que aceita todos os seres do jeito e com a liberdade de que são feitos.

Ser amor é saber amar em qualquer circunstância. É dar espaço para ser, saber ser sozinho, saber amar sozinho, o amor próprio, sabem? Depois de ouvir todas as células do nosso corpo, depois de amar todos os contornos da nossa alma, estamos capazes de amar reciprocamente.

Este amor que trago hoje é um aliado ao crescimento individual e ao do outro.

É um de um Azul-turquesa gentil, feito de sorrisos no coração, mas nunca perdendo o seu próprio sorriso. Ele é disciplinado e suave. Dócil e astuto. Empático e mentor.

É saber ser uma extensão do outro, sem nunca perder a identidade.

É um elo ao desenvolvimento espiritual. Amar é ter prazer e ser colaborante no desenvolvimento positivo e individual do outro.

Só isso poderá ser Amor. Porque o verdadeiro Amor não cabe em 4 paredes de uma relação, não sabe estar entre os limites do nosso ego. Amor é tão mais que isso. O Amor é uma religião. A minha religião. Mas há religião que seja nada mais do que Amor? Ter fé que o Amor está na base de todos os valores morais da humanidade? É reconhecer o outro como uma parte integrante deste mundo, que tivemos a graça de encontrar e, por isso, de poder respeitar, de poder amar como tal, como tão simplesmente é.

O Amor que vos descrevo hoje, é o Amor, o único, em que acredito.

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