Cultivo d’alma
Esbraveando terrenos,
Descobrindo a alma,
Sigo serena por entre cultivos e colheitas.
Por vezes, sou terreno árido,
Outras vezes terra rica,
Faço em ambas boas colheitas
Quando a lua se põe cheia.
Cultivo nos territórios do que é ser,
Amanho tudo o que sou,
Questiono quais os melhores grãos
Que farão a minha alma florescer.
Peneiro sementes fortes das hostis
E faço cair em solo fértil
As que sei tornar em obras-primas.
O que não é para crescer,
Não se lhe dá fertilizante.
E a alma amadurece
Depois de tanta semeada
Colho o que tenho de colher
Avistando o imenso que sou.
E sigo a lavoura,
Cultivando o território bom,
Lavrando o menos fértil,
para garantir
Que todos os meus hectares darão fruto.