É remédio santo
Somos pequenos pedaços de carne.
Pequenos pedaços de carne com um cérebro.
Com opiniões. Muitas.
Somos pequenos pedaços de carne. Vivos. Carne viva.
Num mundo onde habitam milhares de milhões
e nós somos e, continuamos a ser,
pequenos pedaços de carne.
Onde o coração podia falar mais alto, sempre.
Onde o coração podia repousar num gesto de compaixão,
fazer um telefonema à lingua e multar atrocidades.
Uma carne com o coração mais presente.
Era remédio santo para este mundo de milhares de milhões.
Só que não.
E haverá Santos para este remédio? Não sei.
Somos pequenos pedaços de carne. Viva. Carne Viva.
Numa vida vivida para alimentar a carne mas com pouco tempero.
Um cérebro que podia enviar mais sinapses de amor, ao invés de
joagadas egoístas de sobrevivência.
Podíamos ser pequenos pedaços de amor.
E pedaços de amor teriam sempre Vida. Não seria remédio santo?