Nas entrelinhas
Subjectivas são as entrelinhas. Traiçoeiras também. Gosto pouco das entrelinhas, fazem-me indagar por linhas escondidas que carregam outros desejos atabafados, outra realidade para a qual propositadamente ninguém a quer afirmar.
Porque não ser tudo preto no branco? A comunicação deu-nos linhas, aprendemos em linhas. Onde ficaram as entrelinhas? Perdidas nas expressões corporais, nos silêncios. Não é suposto sermos dotados de as saber ler.
Nesta era, a honestidade clara e destemida nunca foi motivo de julgamento. As entrelinhas são o esconderijo perfeito para omitir uma verdade, não deveria isso ser crime?
Porque refundir? Poupávamos interpretações, procuras e ambiguidade.
Não gosto de ser nem estar entrelinhas, prefiro a liberdade em linhas que guardam a verdade num papel fidedigno cheio de franqueza.
Corajosos, os que descartam à partida as entrelinhas para se exprimir. Esses sim, eu gosto.