Um corpo em quarentena e uma mente desvairada
Numa altura em que estamos perante o desconhecido, nada sabemos, nada antevemos, enquanto lá fora só existem heróis, cabe-nos ficar em casa, resguardados, à espera.
À espera que se lhe acalme o ego ao Covid, para podermos todos voltar à vida que tínhamos, stressante, sem tempo, numa correria danada, mas… sem medo, sem fugidas à morte.
Não sei o que é pior, se o estilo de vida que levo, se o Covid-19. Ambos podem matar.
Sozinha em casa, nem preciso da tv ligada, a minha mente já é suficientemente ruidosa. Os gnomos loucos que aqui dentro vivem, começam a mandar-me em várias direções. Não sou de estar parada, mas sou de tal modo compulsiva com a calendarização de tarefas, que chego a frustrar-me de não as conseguir cumprir em tempo útil.
Então, no meio de um remoinho de pensamentos desordenados, surge-me esta ideia de criar um blog. E, nesse pé de vento desgarrado, várias ideias e temas para o construir.
Não é fácil lidar com uma mente desvairada assim. Nada fácil.
Gosto de escrever. Sempre gostei. Sinto que sou melhor escritora do que oradora. O meu cérebro é mais rápido e criativo em silêncio, apenas por sinapses, sem ter de se traduzir em letras.
Nalguns momentos, faltou-me a coragem/confiança para ir com isto para a frente.
Mas, já que o corpo não pode ir longe, deixo ir a mente...