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Tem juízo, Joana!

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

27
Mar20

Em dias de pandemia


em dias de pandemia.jpeg

Fazemos contas à vida, aos dias, ao dinheiro, ao tempo.

Nunca o relógio foi tão nosso inimigo.

Mantemos rotinas, tentamos manter a sanidade mental, fazemos por nos sentir uteis.

Em tempos de guerra, não se limpam as armas.

Ficamos todos resumidos à nossa insignificância, tentando lutar com as armas que nos são dadas. São poucas ou nenhumas.

Mantemos também a fé, a que nunca morre, que tudo vai ficar bem. Vemos as notícias e, rapidamente, tudo se desvanece.

Rezamos aos céus por um governo com mais tomates e recursos para garantir a nossa segurança. Rezamos por um sistema mais rápido em respostas. Rezamos para que tudo não passe de um sonho. Ou um pesadelo.

Despedimo-nos com um até já, que se prolonga no tempo. Aos nossos familiares e amigos.

Um até já que começa a criar feridas no coração. Saudade.

É um acumular de loiça na cozinha, o sofá já não pode ver o nosso rabo, as séries já não nos saciam, as videochamadas que já nos dão vontade de chorar.

As mãos já estão ressequidas de tanto serem lavadas. O álcool passa a ser para consumir e não para desinfectar.

Ir às compras assemelha-se a um campo de guerra. Fugimos uns dos outros, nem sentimos a textura das maçãs, das luvas que levamos vestidas. Aquela falsa segurança do plástico entre os nossos dedos e as coisas ou do bafo quente que exalamos pela máscara.

Nem nos damos conta que a segurança está em sermos higienicamente responsáveis. Só que não! Preferimos usar luvas e mascaras para mascarar a segurança de que tanto precisamos, neste momento. Não condeno! Tornámo-nos seres consumistas.

Pedimos misericórdia à economia. Voltamos a rezar para não sermos despedidos. Afinal, continuamos a ter as mesmas contas para pagar.

Iniciamos novas experiências, novas práticas, só para nos distrairmos e mantermo-nos sãos. Mas não deixamos de ser cobaias da natureza e do universo.

Já nem sabemos em que dia estamos.

E, hoje é sexta.

Já nem tem o mesmo gosto.

 

Imagem por: Catarina Alves - Freeze Memories

27
Mar20

Um corpo em quarentena e uma mente desvairada


um corpo em quarentena.jpeg

Numa altura em que estamos perante o desconhecido, nada sabemos, nada antevemos, enquanto lá fora só existem heróis, cabe-nos ficar em casa, resguardados, à espera.

À espera que se lhe acalme o ego ao Covid, para podermos todos voltar à vida que tínhamos, stressante, sem tempo, numa correria danada, mas… sem medo, sem fugidas à morte.

Não sei o que é pior, se o estilo de vida que levo, se o Covid-19. Ambos podem matar.

Sozinha em casa, nem preciso da tv ligada, a minha mente já é suficientemente ruidosa. Os gnomos loucos que aqui dentro vivem, começam a mandar-me em várias direções. Não sou de estar parada, mas sou de tal modo compulsiva com a calendarização de tarefas, que chego a frustrar-me de não as conseguir cumprir em tempo útil.

Então, no meio de um remoinho de pensamentos desordenados, surge-me esta ideia de criar um blog. E, nesse pé de vento desgarrado, várias ideias e temas para o construir.

Não é fácil lidar com uma mente desvairada assim. Nada fácil.

Gosto de escrever. Sempre gostei. Sinto que sou melhor escritora do que oradora. O meu cérebro é mais rápido e criativo em silêncio, apenas por sinapses, sem ter de se traduzir em letras.

Nalguns momentos, faltou-me a coragem/confiança para ir com isto para a frente.

Mas, já que o corpo não pode ir longe, deixo ir a mente...

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