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Tem juízo, Joana!

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…

31
Mar20

O reinado das 4 Imperatrizes


4 imperatrizes.jpeg

Elas são 4.

4 moças refinadas, irreverentes, de narizes empinados e pêlo na venta.

As 4 de uma rebitesa tamanha, ousadas. Mulheres de grandes seios, vistosas, modernas e vestidas com os últimos e melhores outfits da moda. Casa excepcionalmente limpa e organizada, roupa toda passada, camas feitas de um modo secretamente especial que só elas são detentoras desse talento. Filhos educados, com tpc’s feitos, banhos tomados, marido domesticado e muito trabalhadoras.

Ao longo das suas vidas, a garra fez parte de ambos os punhos e a determinação era a almofada onde dormiam, altivas, imponentes demais até para a época. As 4 sem “papas na língua”, o problema sempre foi a língua. Uma língua com ligação directa ao ventrículo esquerdo cardíaco. O cérebro vem depois.

Assumem-me como modestas… e são. Dignas.

Entre elas, uma ligação intensamente forte que tanto tem de amor, como de critica. Respostas tortas e cartas de amor. Uma diz mata a outra esfola. As 4 lança-granadas, que assim que lhes salta o gatilho tudo à volta tende a explodir. São muito severas entre elas, chegam a ser cruéis. Desmentem-se, ralham, reclamam, de uma teimosia sem igual. Acho fascinante, ficarem surpreendidas com as atitudes umas das outras, sem noção de que também assim o são. Cada uma dona do seu nariz, mas com ambição de serem donas dos 4 e de todos os narizes do mundo.

Ora filha, ora mãe, irmã, avó ou neta. Uma relação abundantemente maternal e multidirecional… O amor, a preocupação, as chamadas telefónicas diárias, bidiárias, tridiárias. As conversas de partilha, do mundo, das relações, da vida doméstica, trabalhista, sentimentos, receitas e até das novelas.

As 4 moças também são refinadas no seu modo de amar.

Grande contradição esta. Um amor incondicional. Amam-se tanto que lhes é inato criticarem-se, cobrar, opinar. Ferem-se com os seus corações misericordiosos. Amam-se tanto, de um tal modo refinado, que a dura decisão de perdoar se torna complacente.

30
Mar20

Para chegar perto, medito


O que é a meditação? Ninguém sabe ao certo uma definição exata. Depende das prespectivas, da cultura, religião e até dos objectivos individuais da prática. Percebo também que seja difícil encontrar uma definição transversal ao sentir, aceitar, controlar, agradecer, concentrar, respirar, focar, etc.

Tentei várias abordagens da meditação guiada, testei várias fontes mas, perdia-me em quase todas. Acabei por encontrar uma aplicação com a qual me identifico (deixo o link: http://medite.se/) e, desde então, tento que faça parte da minha rotina. Sinto que, cada vez que medito, dou mais um passo em direcção ao autoconhecimento e consciencialização do que sou, sem julgamentos.

Então, da a minha prespectiva, também com base nos meus objectivos, a meditação passa por vários estádios de aceitação, reconhecimento, autoconhecimento, agradecimento e foco, sempre com o auxílio da respiração.

Aceitar os pensamentos que vêm, perceber porque é que vêm, agradecer por terem vindo e deixa-los ir, voltando-nos a focar na respiração.

Enquanto medito, apercebo-me que a minha mente é um rolo de pelicula em projecção analógica. Mete pelicula, tira pelicula, silêncio… Mete pelicula, tira pelicula, silêncio…

Capto e aceito cada pelicula que representa o que estou a sentir ou a pensar, tento entender o porquê, agradeço por ter acontecido e foco-me novamente… Silêncio (oiço o som das minhas inspirações e expirações profundas). Para em breves instantes, dar lugar a outra pelicula com outros pensamentos e sentimentos que a mente quer que eu reconheça e aceite.

É como “higienizar a mente” segundo Rute Caldeira, no seu livro O poder da meditação. Não poderia descrever melhor. Atrevia-me a dizer, quase como uma triagem já com consulta incluída, ao mundo dos pensamentos e dos sentimentos. Definição do que somos, do que sentimos, da forma como pensamos.

Defino bem no meu interior cada sentimento, sentindo-o… dando-lhe uma forma, um estado, um brilho. Para mais tarde, no meu quotidiano, me lembrar de como é que ele é e poder ir buscá-lo sempre que sentir necessidade.

É muita coisa para uma mente, sem juízo, que se encontra constantemente em fogo de artificio.

“Tem juízo, Joana!” naquela voz materna, ainda tão presente, obriga-me a tentar assimilar tudo. Para que num futuro, a tranquilidade emocional substitua o fogo de artificio que até então habita a minha mente.

29
Mar20

Uma peça sem palco


Peça sem palco.jpeg

O egocentrismo sempre me definiu.

Uma característica forte que encobria os demais à minha volta, insatisfeitos, por não os deixar partilhar o mesmo palco que eu. Levou-me a criar uma lista de inimigos ou, prefiro caracterizá-los assim, adversários. Ao meu redor, sempre tive pessoas que me amavam ou que me odiavam, nunca houve meio termo. O problema deste egocentrismo que, ainda hoje, me caracteriza, não fosse eu autora deste blog, surgiu quando a minha reputação se transfigura junto dos meus mais queridos.

Sempre estabeleci que os meus adversários eram triggers de competição, quer pessoal, profissional, escolares e até de relacionamentos. Isto, claro, nem sempre foi bem apadrinhado e tendia para aumentar essa comunidade. Mas para mim, era indiferente. Era adepta daquele lema vulgar “sou como sou, quem gosta, gosta; quem não gosta, paciência”. Uma desculpa, uma desculpa para não ter de remexer na minha consciência, para não me pesar.

Gosto de pensar que a minha vida sempre girou à volta de um palco. Sempre me encorajaram a ser “a” e não “uma” e, claro, que o meu egocentrismo teve a sua cota parte de culpa no meio disto tudo. A minha vida num palco, onde tudo o que eu fizesse seria visto por todos, onde tudo o que eu dissesse seria ouvido por todos. Não era por falta de ser ouvida. Era pela busca obstinada de distinção junto dos meus adversários, era pela constante necessidade de aprovação. E, ainda mais doloroso de admitir, pelo medo da rejeição por parte dos expectadores. E, lá se f*** o vulgar lema.

Quando este egocentrismo se transfigurou em achincalhar o ego dos outros, para brilhar em palco, começou-se a abrir uma fenda na plateia. Fenda que dividia os expectadores que já não corroboravam comigo, dos que tomavam o meu partido, juntando-se a mim a avacalhar morais até derrubar as dignidades alheias.

“O riso dos maus é passageiro,

E a alegria dos ímpios

Dura apenas um instante.”

Jó 20:5

Durou pouco. Sentimentos negativos de raiva, ódio, vingança, indiferença e hostilidade começaram a afectar os expectadores que realmente me interessavam, aí a coisa mudou de fugira. Ao invés de aplausos, atiravam-me ovos. Doeu.

Acho que foi neste preciso momento que comecei a criar consciência de mim mesma. Sai dos palcos directamente para os bastidores. Para me resguardar, reflectir, repensar nas minhas acções e no que era realmente importante: ter o palco ou os expectadores. Apercebi-me que nunca poderia haver palco sem expectadores interessados na peça. A peça era eu.

Os expectadores eram mais importantes, claro. O meu egocentrismo teve de se direcionar, mais uma vez, para mim. Mas desta vez, não tinha o sentido pejorativo. Não era fazer-me valer do fracasso e ridicularização os outros para sobressair ou ser incapaz de me colocar no lugar do outro. Era sim, centrar-me em fazer o bem por mim e aos outros, sentir-me grata por me ter a mim com todas as qualidades enquanto respeitava todos os meus defeitos. Foi, na altura, um processo difícil. Ainda é. A imaturidade, falta de consciência, o instinto, eram vozes muito activas dentro de mim. Quase incontroláveis. Por isso, julgo que consegui direcioná-lo unicamente por uma razão: eu queria expectadores, quer houvesse palco ou não.

Tive a sorte de me rodear dOs expectadores que me empurraram para esta encruzilhada do egocentrismo. Entre o bem e o mal. E graças a eles, escolhi o que achei mais apropriado para mim.

Agora, um egocentrismo empático, altruísta.

Um “eu no centro” emendado, ainda com muitas malhas por cobrir, certamente.

O egocentrismo sempre me definiu.

28
Mar20

Para além de ouvir, sentir... - Tecnologia audio 8D


Musica.jpeg

Toda uma experiência arrepiante. Desde o momento que coloquei os phones, fechei os olhos e passados 4min e 54 segundos, eu tinha vivido uma experiência hipnótica. Imergi na música, como quem dá um mergulho no mar profundo. Como se a música fosse ouvida através do cérebro.

Parece que esta tecnologia não é novidade. Os grupos de rock psicadélico já se tinham debruçado sobre o áudio 8D na década de 80. Eu, uma joaninha pequenina, um pontinho bem pequenino no universo, ainda não tinha vivido esta experiência musical tão real.

Para além de ouvir, é sentir… O som é emitido de várias direções, à volta da cabeça. Multidimensional. A música parece que vem de dentro do cérebro e não dos phones, quase uma passagem por todas as áreas do córtex, dando uma sensação surrealista ao cérebro. Incrivelmente Real.

Se já conhecias, és um(a) sortudo(a). Se não, por favor, não percas esta experiência que vale TÃO a pena. Vou deixar aqui o link que te acede à música que me presenteou esta experiência quase viciante.

Como deves fazer? Terás de isolar os dois ouvidos, com phones. Só assim poderás ouvir e sentir o que eu senti. Põe alto. Podes até fechar os olhos e… deixar-te imergir…

https://www.youtube.com/watch?v=T92k6Me86DE

Partilho também outra música em 8D que encontrei, uma das minhas preferidas de momento:

https://www.youtube.com/watch?v=OjGKoT7d8PM

27
Mar20

Em dias de pandemia


em dias de pandemia.jpeg

Fazemos contas à vida, aos dias, ao dinheiro, ao tempo.

Nunca o relógio foi tão nosso inimigo.

Mantemos rotinas, tentamos manter a sanidade mental, fazemos por nos sentir uteis.

Em tempos de guerra, não se limpam as armas.

Ficamos todos resumidos à nossa insignificância, tentando lutar com as armas que nos são dadas. São poucas ou nenhumas.

Mantemos também a fé, a que nunca morre, que tudo vai ficar bem. Vemos as notícias e, rapidamente, tudo se desvanece.

Rezamos aos céus por um governo com mais tomates e recursos para garantir a nossa segurança. Rezamos por um sistema mais rápido em respostas. Rezamos para que tudo não passe de um sonho. Ou um pesadelo.

Despedimo-nos com um até já, que se prolonga no tempo. Aos nossos familiares e amigos.

Um até já que começa a criar feridas no coração. Saudade.

É um acumular de loiça na cozinha, o sofá já não pode ver o nosso rabo, as séries já não nos saciam, as videochamadas que já nos dão vontade de chorar.

As mãos já estão ressequidas de tanto serem lavadas. O álcool passa a ser para consumir e não para desinfectar.

Ir às compras assemelha-se a um campo de guerra. Fugimos uns dos outros, nem sentimos a textura das maçãs, das luvas que levamos vestidas. Aquela falsa segurança do plástico entre os nossos dedos e as coisas ou do bafo quente que exalamos pela máscara.

Nem nos damos conta que a segurança está em sermos higienicamente responsáveis. Só que não! Preferimos usar luvas e mascaras para mascarar a segurança de que tanto precisamos, neste momento. Não condeno! Tornámo-nos seres consumistas.

Pedimos misericórdia à economia. Voltamos a rezar para não sermos despedidos. Afinal, continuamos a ter as mesmas contas para pagar.

Iniciamos novas experiências, novas práticas, só para nos distrairmos e mantermo-nos sãos. Mas não deixamos de ser cobaias da natureza e do universo.

Já nem sabemos em que dia estamos.

E, hoje é sexta.

Já nem tem o mesmo gosto.

 

Imagem por: Catarina Alves - Freeze Memories

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